sábado, julho 26, 2008

Sob o efeito do zigue zague das palavras



Reparo que, frequentemente (a roçar o conteúdo de um diálogo) digo que X ou Y me disse uma coisa muito gira, uma coisa mesmo gira (e relato-a).
Reparo também que não sou a única a dizê-lo. Que é uma espécie de vírus contagiante (a que fui sujeita) cuja etiologia é desconhecida. Apesar de tudo, o sintoma é óbvio e os afectados facilmente identificados (se neste momento a sua expressão facial evidenciou um sorriso envergonhado também é um dos lesados).

Há coisas que dizemos que têm um impacto nos outros que nem sequer imaginaríamos…
Há coisas que os outros nos dizem que, sem eles se aperceberem, entram cá dentro a prometer uma permanência renhida…
E o que eu (e, cá está!) acho mesmo giro é que essa “coisa” se propaga de boca em boca consoante o significado que cada um lhe queira dar…

A mim têm-me dito coisas mesmo giras… (algumas que eu tenho mesmo propagado, referenciando o seu autor, desconhecido do público em geral, mas bem conhecido na relação de amizade).

E sim, o que nos dizem não são “coisas mesmo giras” mas sim coisas que têm impacto em nós.

A coisa torna-se mesmo gira porque lemos inconscientemente, que nos souberem “ler” e dizer algo adequado no “timing de vida perfeito”.

A coisa torna-se mesmo gira porque é aquilo que pensamos e finalmente encontrámos a ilustração através das palavras ou de uma história de vida paralela que nos aconchega (na suposta ideia ilusória) da solidão do sentir.

E é mesmo mesmo giro “dizerem-nos coisas giras” citando na autoria, o nosso próprio nome.
O impacto pode ser mesmo devastador =)

terça-feira, julho 15, 2008

1 semana: III cenas


I cena

Senti-me tocada no ombro…
Maria?
Sim, sou eu!
E a Senhora do Bar entregou-me um bilhete
O bilhete pedia-me para levantar o traseiro da cadeira e olhar com muita atenção em todo o meu redor, e é se queria receber um aceno, um sorriso e após aproximação um beijo.

De facto, as aproximações fazem-nos sempre ganhar alguma coisa.
De facto, as reaproximações encurtam sempre as distâncias.
De facto, estar atenta ao nosso redor faz-nos sentir próximos dos pormenores das relações.

Obrigada pelo bilhete.

II cena

Entrei na reunião, á cautela, e fui apresentada com o meu segundo nome.
Falei do meu trabalho e mostrei-me disponível para, no final, esclarecer qualquer dúvida.

De facto, no final vieram esclarecer um dúvida: seria eu a menina das alianças de 3 anos que em tempos conheceu?
De facto era!
De facto, existem marcas intemporais, rostos que ficam.. traços que marcam…
De facto, a vida encarrega-se de nos fazer crescer preservando sempre alguns traços (e não falo apenas dos físicos)!

III cena

A conversar com uma senhora com idade de avó:
Gostava muito de lhe dar uma prenda, mas se se fosse casar agora era mais fácil, dava-lhe alguma coisa para o enxoval. Mas parece que só se vai casar daqui a muito tempo. Assim, não sei mesmo o que lhe hei-de dar!

De facto, podemos ser reconhecidas, de perfil, num sítio cheio de gente. – à semelhança da cena I

De facto, podemos ser reconhecidas passadas largas décadas, numa outra fase de desenvolvimento…- como aconteceu na cena II

Mas, de facto reconhecerem-me, sem nada eu dizer, como não tendo cara de quem se vá casar já é uma obra extremamente sábia. =)



domingo, julho 06, 2008

The Trapeze Swinger [Live On Radio FM4 Vienna] - Iron & Wine

Tenho uma necessidade enorme de ser lembrada…
Mais do que isso, tenho uma grande necessidade de recordar…
De rever os episódios por que passei para chegar ao momento presente com “aquela pessoa”. O exercício simples de discorrer sobre aquilo que ficou das primeiras conversas. Complementar com cada um dos pormenores que cada um de nós guarda em si.
Essencialmente tenho muito medo de esquecer coisas que gostaria que permanecessem em mim como imagens nítidas, por tudo aquilo que fazem em mim!
Gosto sobretudo de me lembrar do que me disseram há pouco tempo:

“Se foi realmente importante para ti não tens porque ter medo de esquecer, porque te hás-de lembrar sempre!” (Assim o espero!)

É que realmente há dias para esquecer…
Mas também há dias para lembrar…

E depois sou um tanto ao quanto exigente. É que gosto de ser lembrada no “conjunto”…
Nas conversas sérias…
Em palavras que, de qualquer forma, enjeitam filosofias… =)
No silêncio…
Nas distracções…
Nos “Não sei que dizer…”.
Nos olhares cruzados que nos falam de nós…
Nas palermices…
E sim, gosto muito de ser lembrada apenas e unicamente nos contornos da espontaneidade;)

sexta-feira, julho 04, 2008

Uma noite para comemorar




Dia cheio de muitas coisas e pessoas. Uma delícia!
A noite acaba na viagem de regresso a Coimbra, num carro de meninas e ... com esta música apresentada como companhia de viagem, entre outras de Ivete Sangalo...

Fica esta para as meninas =) não vos deixo, sim?

*

terça-feira, julho 01, 2008

Andam à tua...


saberás de ti?

porta aberta

Abre-se a porta...

O quente da noite envolve o frio de uma alma que deambula pela escuridão de uma noite cheia. Ouvem-se vozes, gargalhadas, e... um silêncio de um olhar perdido por uma estrada já conhecida de uma vida.

Chegam palavras silenciosas... ouve-se a música "rotineira" que assombra as lembranças que se podiam guardar!
Chega devagar por entre o escuro e a luz, por entre o frio e o calor, por entre o sorriso e a lágrima... chega... beeeeeem devagar... bem leve e suave... a memória!
Traz um saco fechado. Parece leve. Estende-se a mão que, curiosamente curiosa quer entrar na surpresa que ali chega... naquele simples saco!
Enquanto se abre, apressadamente o saco leve trazido, enrola-se o pano, enrola-se a noite, enrola-se o olhar que brilha, ganha luz por desejar que venha a novidade, a mudança e o espelho que sai de dentro de...

...é assim... branco e vazio que chega o saco! Cheio do nada que tudo podia trazer... ainda se ouvem os passos, lá longe e quase sumidos, do corpo que trouxe no ombro o saco vazio...
As mãos suportam o corpo que se senta lentamente, com o saco branco sobre o colo, enquanto ouve o "quase nada" passo, a passo.
Passa leve e suave a brisa do momento ... solta-se um papel bem pequeno... dobrado em quatro e meio amachucado.

(silêncio)

Os dedos sentem cada desdobrar e cada ponta do pequeno papel... lá dentro... (ficam os olhos bem fixos e estáticos...sem sequer pestanejarem) ... encontraram-te! Mesmo sem se ouvir os teus passos, ... ouve-se a voz dizer não sei o que quero e ouve-se sussurrar no silêncio do caminho espera por mim.

O saco ficou no chão... o papel ficou nas mãos... mantém-se a porta aberta!