sexta-feira, agosto 15, 2008

Logo que cheguei falaram-me em geografia afectiva; na possibilidade de traçarmos a nossa própria cartografia existencial…
Lembro o quanto fiquei deslumbrada com a descoberta…




Recordo, no inicio, o lugar de céu estrelado, ao som de melodias contagiantes que ia descobrindo devagar e entusiasmada enquanto permanecíamos deitados sobre tojo, levemente embalados como que esquecidos dos picos… como que a prever a correria dos dias seguintes…

Acho mesmo que apalpei um pouco de céu quando, espontaneamente nos juntámos os três naquele banquinho perdido…
A guitarra propagava o estremecer das cordas numa acalmia que só vista…
As estrelas cadentes sobressaiam de rompante… Ouvi a palavra comunhão…
Dizias que eu e ele falávamos o que estava nos livros e que não gostavas disso…
Refutámos sabendo que todos falamos um bocadinho assim…
Era cedo demais para irmos ao fundo sem subterfúgios…

O TEMPO esteve sempre lá!
Viagem ao passado, ao futuro…
Horas, Minutos, segundos, doces momentos, instantes confusos, eternidade de sorrisos…

Devo confessar que a história do Pinóquio nunca foi a minha preferida, mas acho que a partir de agora os pinóquios ficarão na minha história…
Aliás, contei muitas histórias… Diziam que as contava muito bem… Ficava envergonhada de orgulho com isso!



Neste tempo houve muitos meninos…
Um desses meninos pediu-me mesmo, no final para lhe dar o meu melhor sorriso… Fiz o meu! Disse-me que não era aquele, que o meu melhor sorriso era o que lhe tinha feito numa noite em que o aconcheguei com palavras…

Ao regressar deste TEMPO que passámos juntos levo muita coisa, algumas mesmo por descobrir noutros tempos…
E levo comigo um sorriso que não sabia ter…
E levo comigo o óscar que me deram… o de consoladora…
Não sei se gostei muito ou não ( na verdade acho que não gosto muito que me qualifiquem assim na minha vida) mas sei que eles gostaram de mo dar… E sei que fui muitas vezes chamada à noitinha para ajudar a matar saudades ou a amenizar medos escondidos que não tinham vergonha de contar…
E como foi giro ver as histórias dos diminutivos pegar... Num ápice, neste tempo de meninos fizeram-se valer a sósó, fifi, vává, titi, sésé, cácá, susu, jojo...
MIMI....

Isto para dizer que, um dia, ao fazer a minha cartografia existencial colocarei lá esse lugar perdido, onde os tanques têm sapos, a terra pegadas de meninos e a noite um céu descoberto cheio de estrelas (quando não está a chover)!

Escrevi isto porque disseste que ficarias atenta ao que teria para contar…
É que dormia pouco, mas descansada, com esses olhos arregalados sempre a olharam por mim…
E acordava com a certeza da energia na manhã seguinte, mesmo ao sair da nossa tenda…
E esta história de geografia afectiva é mesmo verdade!
Porque os lugares marcam por causa das histórias que vivemos (juntas =))!

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