terça-feira, março 30, 2010

E sempre que não me silencio...


Perguntaram assim a José Luís Peixoto:
Jorge Luís Borges imaginava que o paraíso seria parecido com uma livraria. Imagina-o assim também?
Respondeu: "Não. Uma livraria tanto pode ser o paraíso como o inferno. O paraíso tem que ser um lugar onde as pessoas se tocam e não um lugar onde estão sozinhas com palavras."



Miguel Sousa Tavares diz que vivemos numa sociedade que não se encontra mas que comunica. Diz que temos excessso de comunicação! Salienta depois a necessidade do silêncio, referindo que Chico Buarque escreveu um dia numa música:

"Esse silêncio todo me atordoa, e atordoado eu permaneço atento."
Ostenta que o silêncio serve para construirmos algo a partir dele. Há até um escritor que diz que quem fala demais nunca pode escrever um livro, perde demasiado tempo. Escrever não é mais que usar as palavras que se pouparam, diz.



segunda-feira, março 22, 2010

Da minha leitura da vida...


Não é nada díficil sentir-me assim!
Ora porque, de facto, sou demasiado nova para perceber determinadas coisas que vêm com experiências, que, até ao momento AINDA não tive a oportunidade de experimentar ou,
porque mesmo que queira nunca irei experimentar porque é-me impossível mudar o meu país, a minha cultura, a minha história, a história destes dias e deste meu espaço...
Ora porque, me tento antecipar àquilo que tem um momento próprio para acontecer ( e será que ele existe?)
Ora porque, por muito que me tente esforçar (e empenho-me de verdade!) há sempre coisas muito díficeis de entender.
Ora porque, invariavelmente, me sinto a meio das coisas (e sem querer esqueço-me de pormenores do "passado" e centro-me ansiosamente no que vai acontecer a seguir) - Disperso-me!


quinta-feira, março 04, 2010




“O mais ridículo nas histórias de amor não correspondido é saber que bastava pouca coisa, uma circunstância diferente, uma questão de tempo, para que os papéis se invertessem, fôssemos nós os amados e não os que amam.

Porque, parece-me, que amar alguém não é ao acaso, amamos quem muito provavelmente, por muito pouca coisa, nos amaria a nós. E, claro, mais ridículo ainda nestas histórias é que, por muito menos, era provável que a não correspondência fosse uma correspondência absoluta, infinita, desolada de tão maravilhosa, se o mundo estivesse virado para o mesmo lado, ao mesmo tempo, de olhos bem abertos e, depois, fechados, para selar tudo como num beijo, na altura em que o amor nascesse.

Apesar de tudo, há é que manter um caso de amor com a vida, como disse Alberto de Lacerda e acarinhar a memória desses bem-amados que, sem culpa absolutamente nenhuma, não nos amaram. Eu acredito nele e concordo que é o primeiro amor, o da vida, que leva pela mão o outro, o que há-de vir para ficar. Entretanto, beijar ao sol. Às tantas poderá essa luz revelar que quem está ali é a única pessoa que ao nosso lado devia estar.”

Ana salomé