terça-feira, dezembro 29, 2009

Quando fazemos dos lugares a nossa casa...

Perguntam-me muito como é voltar a casa...

Gosto mais de pensar que fazemos dos lugares onde estamos a nossa casa...
Que podemos ter o espírito nómada mesmo estando no sítio que nos habituou a viver...
Que somos sempre convidados a entrar em novas casas e a reconstruir sempre a nossa...

"

A nossa casa ,à partida, dá-nos espaço para podermos viver..

Como construir uma casa?

(aceitam-se sempre sugestões de engenharia e arquitectura ;))



sexta-feira, dezembro 25, 2009

A todos um Bom Natal


[Postal by Ana Simões]

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Mais uns (ex)certos

«Quando amamos alguém, não perdemos só a cabeça, perdemos também o nosso coração. Ele salta para fora do peito e depois, quando volta, já não é o mesmo, é outro, com cicatrizes novas. Às vezes volta maior, se o amor foi feliz, outras, regressa feito numa bola da de trapos, é preciso reconstruí-lo com paciência, dedicação e muito amor-próprio. E outras vezes não volta. Fica do outro lado da vida, na vida de quem não quis ficar do nosso lado.»

«Para todas as mulheres que viveram um grande amor.
A todos os homens que o perderam»

Margarida Rebelo Pinto, in Dia em que te esqueci

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Cântico Negro


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...


A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre de minha mãe


Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam os meus próprios passos...


Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!" ?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Com0 farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por ali...


Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia enexplorada!

O mais que faço não vale nada.


Como, pois sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramenttas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...


Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principío nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

- Sei que não vou por aí!



José Régio

quinta-feira, dezembro 03, 2009


Há na intimidade um limiar sagrado,
encantamento e paixão não o podem transpor -
mesmo que no silêncio assustador se fundam
os lábios e o coração se rasgue de amor.
.
Onde a amizade nada pode nem os anos
da felicidade mais sublime e ardente,
onde a alma é livre, e se torna estranha
à vagarosa volúpia e seu langor lento.
.
Quem corre para o limiar é louco,
e quem o alcançar é ferido de aflição...
Agora compreendes por que já não bate
sob a tua mão em concha o meu coração.

Anna Akhmatova


segunda-feira, novembro 30, 2009

Aconteceu...


Planear... é o que o ser humano tem tendência a fazer a vida inteira. Planear os dias, as viagens, as datas festivas, as saídas à noite, os jantares com amigos, os cafés, ... tudo se planeia (ou pelo menos tenta-se fazer os planos de forma a tudo estar controlado). Mas, como tudo, há alterações de última hora, mudança de planos, prioridades que ultrapassam tudo...


Nem sempre as combinações de última hora são um desastre, podem mesmo tornar-se numa situação e num desenrolar de momentos fantásticos e intensos. Podem mesmo ser os melhores planos "não planeados" de sempre.


Aconteceu... há muito tempo que não me lembrava de viver uma noite "não planeada" com companhia "não pensada". Tudo na mesa de um café, após um dia longo de trabalho... o frio ameaçou cancelar e recuar mas, passou-se para um jantar a 3, bater na porta de cada uma das nossas casas e seguir viagem para um cantinho com música envolvente e harmoniosa a terminar com música rock, alguma dança e mais companhia. Um somar de situações e pessoas que podem fazer a diferença.


Aconteceu... deixar que o tempo avance sem controlar o relógio. Estar no momento sem viajar muito pelos outros planos e irritações exteriores... Uma noite diferente, em óptima companhia e sem planos até acontecerem por si só.


Aconteceu... haver tempo para os outros e tempo para si mesmo! Vaguear nas ruas com a brisa fresca, as mãos a gelar e os olhos a cintilar com a harmonia que a rua infiltrava em cada poro. Ar puro, fresco e um cheiro a liberdade e desprendimento. Sorrisos, risos que chegaram com uma companhia surpresa mas muito bem vinda, não fosse o tempo (ou a falta dele) andar a desviar os caminhos de uns e outros.


Aconteceu... adormecer porque sim, andar na chuva porque o chapéu ficou em casa com a pressa de chegar a horas, voltar a adormecer sem querer contrariar ou sem forçar a uma saída para o frio que parecia assustar lá fora.


Aconteceu... acordar e sair, mesmo com o frio mas com uma luz leve a cair do céu que, logo sumiu à medida que as rodas percorriam a estrada em direcção ao rio. Tinha um lugar mesmo à minha espera, tal como uma companhia que trazia muito que contar por dentro.

Sentir um sabor doce, leve, escorregadio e algum granulado que rebentava ao enrolar-se na língua quente... o sabor a laranja percorria todos os cantos da garganta e do cor, e que bem que soube. Brincar com o copo, olhar para todo o ambiente e cair no conforto dos sofás que gritavam por um corpo caído e relaxado... assim foi! Risos, sorrisos e "abrir de portas" que se fechavam a si mesmas... abraços e toques suaves de cumplicidade "não perdida" nem desgastada com o tempo "ausente"... soube bem!


Aconteceu... voltar a sentir que não é preciso usar todas as palavras, que não é preciso abraçar para dar um abraço, sentir o quão bom é poder dar colo e fazer alguém sorrir o tempo todo sem esforço ou intensão... é bom querer fazer bem (e fazê-lo realmente) a alguém, mesmo que implique ser-se duro numa fase inicial... o final é que conta!


Aconteceu... a surpresa das palavras escritas numa mensagem, a surpresa de um tilintar de sons, a chegada do aconchego de uma amizade duradoura, a surpresa de um anoitecer em que a tranquilidade chega e vai como um baloiço!


Aconteceu... que passou um fim-de-semana a voar e ... aconteceu o sol brilhar e a chuva cair mas, ainda assim, muita coisa aconteceu e, aconteceu sem planos!


Expressões que marcam os dias ...


Nothing is ever as it seems

Lamento

...é por ti!


E assim os dias correm e a vida também!

quinta-feira, novembro 26, 2009

domingo, novembro 15, 2009

Os exclusivos das estórias demoram-se sempre pelo caminho…

Reconheci-te o remorso. A tentativa sôfrega para abrandar a culpa. Na verdade, é isto mesmo que nos move, a culpa e o medo…
Apetecia-me afagar esse teu ar fatalista com abjurações falaciosas…Cobrir o teu medo de suavidade, à semelhança do que faz o som de música caseira às preocupações laborais…


És meu convidado neste despertar, onde a espera é censurada… Sustemos a respiração para não fazer muito barulho porque sabemos que o silêncio enternece… Um silêncio que se esfrega contra todos os poros da pele…

Proferes, cuidadosamente, as palavras da trama que escondes (convencendo-te de que quanto mais verdadeiro, mais poético) e ludibrias-me com a tua sagacidade… mas bem sabes que sempre gostei de versões diferentes…


(Cover de Pixies)

sexta-feira, novembro 13, 2009

"1 Mensagem de..."

A noite fala connosco deixando-nos sussurrar no meio da floresta perdida aquilo que ainda encontramos... E sentimos como semente, flor, fruto em nosso ser... Encontro uma casa abandonada onde me alojo sentindo as vibrações de quem a habitou outrora, revelo o passado das suas paredes. Assustada, volto para a escuridão da floresta... Onde me perco... E talvez me encontre... Onde a tua é mais verdadeiro

Wipa, 13 Novembro de 2009
Há mensagens que chegam na melhor altura, como pessoas que surgem inesperadamente reflectidas num tom de alma incrivelmente suave e semelhante... As palavras têm um dom e um toque especial, tendo em conta quem as diz, quem as escreve ou solta no simples olhar...
Obrigada, Wipa e... "Apetecia-me contar-te um segredo" :)

quinta-feira, novembro 12, 2009

O Segundo Desejo


(...)


De repente, no meio da história, apareceu o Génio. (...)

Estás tão crescida! Mas falta-te qualquer coisa...Já sei! É o teu coração. (...) E consegues ser feliz, mesmo sem o teu coração? - perguntou o génio preocupado com ela.

- Acho que sim. Pelo menos não penso nisso. Trabalho tanto que nem tenho tempo para pensar.

- Tapar uma coisa não é o mesmo que esquecê-la - advertiu o Génio.

- Eu sei (...) mas agora é melhor assim.

- E porque não pedes outro desejo? (...)


- Pode ser - concordou. - Quero que açguém encontre a concha onde está o meu coração e ma ofereça de presente.

- Está bem - respondeu o Génio. - Assim que eu encontrar a pessoa certa, resolvo-te isso.


E desapareceu mais uma vez, sem que mais ninguém o tivesse visto.


"Só os Génios é que conseguem aparecer e desaparecer desta maneira", pensou ela.





in A rapariga que perdeu o coração, de Margarida Rebelo Pinto

terça-feira, novembro 10, 2009

O primeiro desejo

(...)
Concha ficou em silêncio. Até que no seu espírito encontrou uma solução.
- Então vais fazer uma coisa mais difícil: escondes o meu coração dentro de uma concha no fundo do mar e eu fico cá para a minha Mãe não se sentir sozinha.

(...)
O seu coração vivia numa concha, perdido no fundo do mar. Ninguém sabia onde ele estava. Nem mesmo ela. Só o Génio, mas os génios não aparecem quando nós queremos (...) podia até dar-se o caso de ele nunca mais aparecer.
"Não faz mal", pensava ela. "Se alguém encontrar o meu coração, há-de descobrir onde moro e um dia eu vou tê-lo de volta."

(...)
Todas as noites sonhava que vivia dentro da concha onde estava o seu coração e foi assim que conseguiu crescer sem elouquecer de tristeza.

(...)
Concha nunca contou à Mãe o que o Génio fizera. Mas ela sabia, porque as mães sabem sempre tudo. Nem sempre revelam que sabem, mas sabem sempre.
Por isso a Mãe nunca lhe perguntou onde escondera o coração
(...) uma pessoa tem de saber proteger-se quando está muito ferida senão pode morrer. Foi o que Concha fez.



in A rapariga que perdeu o coração, de Margarida Rebelo Pinto

quinta-feira, novembro 05, 2009

Disseste-me que os lugares permanecem....



Sei bem que a memória é traiçoeira…
Sei bem que, por vezes, recordamos as coisas de acordo com as nossas percepções pessoais…
Sei bem que, fazemos por preservar determinados factos em detrimento de outros… ás vezes os melhores, outras vezes os menos bons...
Sei bem que o prazo da memória não é ilimitado...

Sei bem que construímos sempre as nossas memórias… e que também as podemos descontruir…
Mas ,e quando elas se começam a desvanecer sem que tenhamos nisso algum auto-controlo?

Contudo, o lugar que ocupamos permanece sempre... se não é em nós... é em quem está de perto...

"...queria fazer do amor um espaço que me ocupasse inteira."

terça-feira, outubro 27, 2009

Por favor podia distribuir o seu cuidar descomprometidamente?


Hoje apetece-me gritar este título bem alto...

Em tom de oradores motivacionais ouço, muitas vezes, incentivos públicos no sentido de sermos capazes de tratar das pessoas com toda a dignidade humana e da melhor forma possível, não vá um dia isso acontecer-nos a nós próprios ou a alguém muito próximo (como se as coisas funcionassem neste sistema de troca).

E o que me impressiona mais é que, de facto, a plateia engrandece-se de comoção como se não tivesse atingido um outro estádio superior de desenvolvimento moral.

Não me incomoda perceber a inexistência de altruísmo puro mas fico com o coração apertadinho sempre que se descura (de maneira brutal) a beleza e o sentido da gratuidade.



sexta-feira, outubro 23, 2009


Acredito muito na diferença que fazem os pormenores!

Gostei quando soube que um Hospital Pediátrico exigiu aos funcionários que limpavam os vidros do edifício que só o fizessem se se vestissem de Super- Herois.
E assim é!

terça-feira, outubro 13, 2009

"Que entrem os noivos": Originalidade, ahah

Esta é, sem qualquer dúvida, uma forma original e diferente de tornar o chamado "dia memorável da nossa vida" ou a expressão "o dia mais feliz da nossa vida".
Este é, sem dúvida, inesquecível pela diversão e animação...





[obrigada à doida que quer casar daqui a 2 anos e que eu faça parte duma cena deste género, eheheheh]

segunda-feira, outubro 12, 2009

Cá vou... aos empurrões...


Uma vez, explicando-me o que faço na vida (da minha vida), disseram que era (ter que) ser boa a dar “empurrões” (aliás, em mim vê-se-me claramente espelhados resquícios de agressividade. É notório!). Exemplificaram, metaforicamente, recorrendo à serie televisiva “Cheers aquele bar”. Num episódio, a personagem de um típico totó, que ainda vivia com a mãe mas que tinha um discurso nitidamente marcado de exageros (sobre tudo o que queria ser e fazer / sobre tudo o que era e fazia). A dada momento apaixona-se por uma rapariga, mas devido à falta de experiencia e à sua insegurança típica não conseguia avançar e, sempre que estava ao pé dela ficava completamente bloqueado. A certa altura, o dono do bar, numa perspicácia plena, organiza um baile de máscaras e, enquanto as personagens em questão dançam uma com a outra (mais confiantes com a capa que trazem), ele apenas lhes dá um pequeno empurrão para que as coisas fluam naturalmente e surja o seu aproximar…
E assim acontece o primeiro beijo…

E assim acontecem as viragens (às vezes com a ajuda de pequenos empurrões).

Acho bonita esta descrição, quase que à semelhança da cena inicial do filme colisão, que dita que vivemos de pequenos toques…
("Há toques ao de leve que mexem com muita coisa")

segunda-feira, outubro 05, 2009

Parabéns para o Dentro de Si Só


Mais um aninho...
Mais umas linhas traçadas...
Mais uns pensamentos soltos em frase...
Mais partilhas entre nós...

Obrigada às pessoas que...
passam em silêncio,
passam e deixam palavras,
passam e ficam
Obrigada!

:)


Obrigada e Parabéns!

domingo, setembro 27, 2009



http://www.vimeo.com/5239013

Já tinha estudado este fenomeno. Com chocolate! O adiar da gratificação.

A exigência da espera. A atractividade pelo que sabemos que não beneficiamos em ter à priori. O entrar em desepero na avaliação entre 2 ganhos circunstanciais. Comparar ganhos quantitativos e qualitativos. A concentração intensa naquilo que sabemos que não devemos fazer no momento. Resistir. Tolerar a frustação. Proibirmo-nos em detrimento de uma promessa abstracta. Desafiarmos os nossos desejos. Satisfazer necessidades com prudência.

Na verdade, continuo a estudar este fenómeno diariamente na primeira pessoa!

sábado, setembro 26, 2009

Boy From Ipanema

Mais uma música de Diana Krall com um ritmo de Bossa Nova e um público brasileiro que canta com a alma... de arrepiar. Mais uma música que despertou curiosidade pela proximidade com a tão famosa Garota dxi Ipanema

Este seu olhar - Diana Krall

Uma música que me ficou no ouvido, com esta voz simpática e um ritmo leve que vai preenchendo o espaço em volta.


quarta-feira, setembro 23, 2009

Pausa e sonhos


Depois da pausa vem o movimento. O corre corre, o para frente e para trás de tudo e todos; a azafama do contra-relógio...


Encontramos na vida, depois desta começar a ter o seu típico desenrolar (o chamado emprego e responsabilidade, o pôr em prática os anos de estudo e teoria), pouco momentos em que nos podemos sentar e desfrutar de momentos relaxados, extenso, intensos... prolongadamente agradáveis e despreocupados. Até as miseras horas da noite parecem preencher-se de preocupações e acordares sobressaltados com pesadelos desmedidos e estupidamente afastáveis... estupidez real mas possível!


Contam-se pelos dedos os pequenos grandes momentos que retratam um rever, folha a folha, do percurso até então, da história dividida em capítulos, das personagens e reviravoltas de uma história que, não se consegue saber o fim de maneira alguma, sendo que a última página não existe e, curiosamente, não se encontra na contracapa um resumo (breve ou não) do que temos como conteúdo... o protagonista permanece, certamente, e dá continuidade a todo o desenrolar da acção; as personagens secundárias podem variar, podem ir e regressar ou, simplesmente, desaparecer com uma frase simples como "e nunca mais se ouviu falar dela!" encerrando o assunto e passando ao parágrafo seguinte.


Aparece no meio de tanta letra batida algumas imagens, nas páginas de um livro, poderia ser qualquer coisa como "procura-se nova história"; "procura-se ocupar tempo que alguém tenha para disponibilizar e por ocupar!" (lol) há gente com tempo a mais que, não sabe o que fazer com ele... seria, talvez, um bom negócio vender o seu tempo para ser ocupado por alguém (estupidez pegada, bem sei, mas a capacidade de poder sonhar, vaguear e aparvalhar ainda me pode correr nas veias... certo?).

Sentar o corpo na beira de algum lugar, descalçar a alma perante um sol quente e convidativo a um mergulho, não apenas dos pés, e deixar a vida soltar-se das entranhas do corpo, fresco e cintilante com o reflexo da luz, da água e da transparência do momento. Fica-se pelo simples sentir do fresco percorrer os pés, arrepiar até à ponta do cabelo mais comprido e, respirar fundo com os olhos e o coração, inspirar a paisagem e o silêncio assustadoramente agradável e imenso... "tudo o que é bom acaba depressa" e aterra-se de cabeça no real apesar do calor ser o mesmo, o sol, cenário, coração, corpo... e os pés molhados permanecerem ali mesmo... frescos a desejar algo mais...
... sonhar com a porta que abre e alguém segura um cartaz a dizer "Arrisca!"


"Aceitam-se novidades e alterações «dessas» nesta vida!"


Termina a pausa e o autor segue com o livro à espera de fechar um capítulo e a acordar de uma pausa adormecida em cima do teclado que não foi tocado, senão pelo rosto adormecido... perdeu-se a escrita num sonho que, foi escritamente sonhada e sonhadamente escrita num teclado de sonhos e... numa pausa ... somente pausada ... no tempo!


quarta-feira, setembro 16, 2009

Pic about Fairy Tales


Mania de relacionar(ções)


Era de esperar que assim fosse... como criança que espera ansiosa pelo gelado favorito ou como a menina que olha pela montra a boneca que mais deseja ter para brincar com todo o cuidado e orgulho perante as outras... Mais um conjunto de músicas que soam perante a passagem de películas que são a vida. Passam imagens dos momentos que foram de "ontem" e onde se encaixa mesmo bem aquela música que descreve e cria uma harmonia entre tudo o que envolve imagens, cores, sentimentos e sonoridade. Incrível a nossa capacidade de encaixar, como um puzzle, momentos e músicas.


Quem não se lembra do que estava a pensar, sentir, por onde estava a passar, como reagiu... quando ouviu aquela música? Quem não se lembra daquela pessoa quando ouve aquela música? Da pessoa, onde estavam, a falar de quê, porque é que a música e a pessoa têm a ver?


Mania de relacionar tudo por entre pensamentos, momentos, músicas, gestos, lugares, pessoas... somos uma caixinha de surpresas cheia de memórias, de histórias e imagens deliciosamente guardadas (por algum motivo). Atrelado a tudo, vamos nós e quem nos faz assim, tal como nos temos vindo a tornar. A surpresa de caminhos diferentes que se voltam a cruzar mais tarde; atalhos curtos e confusos; desvios que se tornam em enganos e temos que recuar tudo outra vez...

mania de relacionar tudo!


Relacionar relações... relacionando apenas!

segunda-feira, setembro 07, 2009

Voltar à carga

O regresso...
Começa agora o arranque do ano. Etapas novas para se conquistar, a prova da confiança, o gerar de novas relações, novos rosto e novas aventuras a começar do zero. O calor começa a ter os dias contados e isso não ajuda, em nada, à vontade de saltar da cama ou a pensar no que os dias se vão tornar. O sol vai querer esconder-se quanto antes e não vai haver forma de apressar as coisas para o ver deitar-se!
Começaram os choros, as birras e a falta de regras que, com o tempo, vão ao lugar mas... demora! Dias com paciência de Jó outros em que apetece saltar da cadeira, abrir a porta, soltar um grito de desespero e regressar com a alma revitalizada para uns breves minutos de segurança e força... mas passa depressa!
É a isto que se chama o regresso ao trabalho, o final das “férias”... um desafio diário até se tornar rotina mais leve e ritmada, juntamente com a disposição para o acontecer diário das travessuras e progressos nas pequenas vidas que se tem em mãos.

Fica de parte o lado pessoal que se vai adiando para um furo no horário de trabalho ou, apenas se coloca na agenda para onde haja uma vaga, mas nada de prioritário nem agendado cuidadosamente... inadmissível mas... real!
Deixam-se para trás dias de enorme gozo, enorme prazer de viver e com uma envolvência forte de vidas e momentos, com a realidade fechada e a magia contada e contagiante ao segundo... sem perder um fio de luz, sol e sorrisos. Saudades... saudade é a palavra de ordem que faz tilintar o coração e brilhar os dois espelhos da alma. Recordar (trazer ao coração) cada bocadinho...por muito breve que seja o momento! Cansaço que prevalece sem dar tempo a que morra numa almofada, por uma noite apenas. Abraços que encerram o dia, olhares que fazem a manhã cristalina e tão mais cheia, por entre os olhos ainda a tremelicar o desejo de serem fechados... saudades!!

E assim, começa um novo desafio!

quinta-feira, agosto 27, 2009

“EU AMO O MUNDO QUE ODEIO" *




«Aqui estou eu...só, dentro e fora de mim, último passageiro da minha noite interior.»
É o que diz Al berto

Eu... digo que andamos sempre distraídos!

* do poema As Cinzas de Gramsci (1957) escrita pelo poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini

quinta-feira, agosto 20, 2009

Partida com regresso corrido

Percorrem-se os dias com a pressa de chegar a um sítio diferente, a um lugar com outras caras, novas hipóteses de poder ser um pouco mais do que se é. Corre o tempo, correm as pernas na esperança de um "lugar ao sol", ainda que por tempo limitado. Horários, roupa fresca e suja, comida e gargalhadas entre o pó do chão seco e já tão cheio de pegadas que contam histórias...

É altura da partida! Partida para a partida de uns dias diferentes e cheios, partida do cansaço que teima em permanecer no corpo mole e desgastado dos dias e das horas rotineiras e longas de dias e dias corridos entre tudo e todos os de sempre.
É hora de partida para o colo seguro daqueles que são eternamente marcados e tecidos,desenhados na vida.

Partida à espera de uma chegada diferente e, a aguardar uma partida com destino ao "regresso" da rotineira vida com aquele lugarm aquelas caras e todas as pequenas grandes mudanças que, um tempo afastada, podem trazer... e trarão.

Até já!!

quinta-feira, agosto 13, 2009

Dias

Abre-se a porta... a sala está diferente...vazia! Um ambiente morno e acolhedor fica guardado depois de se ouvir a porta fechar. Guarda-se o silêncio! São poucos os momvimentos rotineiros que cobram ao corpo um som invasivo naquele espaço.

Poucos minutos depois,o toque da campainha começa a ser o sinal da chegada, a melodia de alerta da quebrado silêncio, que dá lugar a vozinhas familiares e engraçadas,nem sempre, começam a preencher o espaço (que cada vez se torna mais pequeno pela correria e brincadeira).

Ouve-se música de fundo misturada com os brinquedos a escorregar no chão, comos gritos que dão voz a tudo o que se passa para além do pequeno grande mundo da imaginação. Consegue-se divagar por entre tudo... a cabeça viaja com uma imagem de fundo em movimento e com as interrupções de chamadas de atenção...



quarta-feira, agosto 12, 2009

Escrevo porque não sei dançar como a Pina Bausch...



Há quase que um extase místico no compasso em que o pé se levanta voluoptosamente do chão..
Faz-me muito lembrar o que David Mourão Ferreira disse um dia. Que ter raízes é saber voar.

E assim, deliosamente em surdina, desnuda-se a melodia na acústica do sentir...

Um dia, hei-de descalçar a timidez, derrubar as paredes do meu corpo e estender a minha sombra no terraço... Deixar-me assim...conduzida pela Mazurca, mergulhando na noite enquanto cheira a céu estrelado!

segunda-feira, agosto 10, 2009

Calendário acelerado

Contar o tempo...

a vida está marcada por uma agenda que tem imensas datas definidas como especiais/importantes. São estas que fazem dos dias do nosso calendário tão especiais. Comemorar datas importantes, recordar os amigos que vão entrando, passando e saindo da nossa vida... acabamos por ter muitos dias importantes e especiais em cada ano novo que chega e que parte.

Contar o tempo...

com os olhos posto no futuro. Passa igualmente pelos acontecimentos que estão por chegar e, desejamos ansiosamente rasgar os dias do calendário até ao dia e hora "daquilo".


É quando contamos o tempo, quando olhamos para trás e para a frente que conseguimos entender por onde andámos, no que nos vamos tornando, o que vamos aprendendo e a capacidadeque temos de saber viver e reviver cada coisa. Um leque de histórias, amores e desamores, mundos de magia, realidade... os eternos desafios e opostos que fazem sempre parte do que chamamos de vida e de tempo.


O calendário tem uma permanente tendência a aceleraro processo das coisas quando nos fazem sentir realmente bem, a velha história de o que é bom acaba depressa... realidade pura!
Vai-se contando histórias enquanto se rasga mais um dia do calendário de uma vida que, nunca se sabe quando chega ao fim.

Há alturas em que...

"O sonho cria fantasmas e não marca pontos na realidade!"

sexta-feira, julho 31, 2009

Dúvidas do Universo

A velocidade a que o tempo corre... lêem-se mil coisas, soltam-se mais mil palavras, correm os dias do calendário...
Relêm-se palavras, saltam-se outras quantas e correm mais dias do caléndário!
Passou o tempo, não passaram as palavras ditas no silêncio de cada uma das linhas...
... é tempo de recordar e rever as dúvidas "do universo" interior!

Deixa a saudade...
Procura por mim
Quando for já logo à noite na praia
Com o sol a derreter sem fim
Procura por mim
Com o vento por saia
E em lugar do suor o sargaço.
Eu estarei quieta e assim sozinha
Cheia das dúvidas do Universo
À tua espera
A desenhar o caminho
Para te escrever em verso
No meu regaço.
Um abraço.
(adaptada, letra: João Fezas Vital)

segunda-feira, julho 20, 2009

I

Clara era timida. Mas gostava muito de dar a conhecer a sua timidez a quem viesse com jeitinho. Vivia para as euforias silenciosas e estava habituada a perder.
O seu nome dizia tudo sobre ela. Clara!
Fazia por partilhar preferências. As suas palavras preferidas estavam contidas numa poesia:

"Usámos a dois: estações do ano, livros e uma música.
As chaves, as taças de chá, o cesto do pão, lençóis de linho e uma cama.
Um enxoval de palavras, de gestos, trazidos, utilizados,gastos.
Cumprimos o regulamento de um prédio.
Dissemos. Fizemos.E estendemos sempre a mão.

Apaixonei-me por Invernos, por um septeto vienense e por Verões.
Por mapas, por um ninho de montanha, uma praia e uma cama.
Ritualizei datas, declarei promessas irrevogáveis,

idolatrei o indefinido e senti devoção perante um nada,
(- o jornal dobrado, a cinza fria, o papel com um aponta-mento)
sem temores religiosos, pois a igreja era esta cama.

De olhar o mar nasceu a minha pintura inesgotável.
Da varanda podia saudar os povos, meus vizinhos.
Ao fogo da lareira, em segurança, o meu cabelo tinha a sua cormais intensa.
A campainha da porta era o alarme da minha alegria.

Não te perdi a ti,perdi o mundo."

Ingeborg Bachmann

II

Ray era observador, gostava muito de observar...

"Um dia ele levantou-se e gravou numa fita tudo o que as pessoas diziam na rua.
Passou o dia às voltas, a entrar e a sair de autocarros e a entrar em todos os grandes estabelecimentos. Depois voltou para casa.
Gravou coisas como:

Nunca, talvez sim, isso também me interessa, tudo o que quiseres e por agora nada, continuo à espera, não acredito que tenhas forças, dou-te amanhã, não há dinheiro, não há dinheiro, não há dinheiro, vai-te embora, vem, vai-te embora, volta, estou sozinho, já não me interessa, ganhámos, tu dizes-me cada coisa, corre, corre, corre, demasiado tarde, demasiado cedo, tivesses dito, outra vez sozinho, se não fosse tão bonito, deus sabe que tentei, ninguém sabe quanto, não me ama, um trabalho novo, sapatos novos, carro novo, quase nem posso mexer as mãos, sou jovem, já não sou tão novo, que esquisito, sozinho, se não chover ou se calhar chove... e no princípio e no fim da gravação:

Amo-te, já não te amo."

Ray Loriga

Nada era Claro!
Sabia que as (nossas) preferências mudam muitas vezes... E que a poesia só tem magia se não for clara.
As suas palavras preferidas estavam contidas na vida!
Aliás, quando observou Clara conheceu-lhe o silêncio eufórico de quem perde (a timidez)...
Sim, Clara estava habituada a perder....

E, mais uma vez, Ray observou que o mundo, é tudo menos Claro!

(ganharam-se um ao outro _ por quanto tempo, não se sabe...)


terça-feira, julho 14, 2009

(Vi)Ver as coisas

O olhar perante a vida tem sempre a forma e a vontade que quisermos adoptar. Ou nos dispomos a olhar em frente e com um sorriso animado sobre as coisas a cada dia ou, simplesmente, nos deixamos vencer pelo cansaço contínuo e acumulado e, qualquer momento (novidade ou rotina) nos vence enquanto o relógio avança e, deixamos de ter o que contar com entusiasmo. Cai-se na banalidade do discurso "foi uma seca!" "queria era ter ficado em casa!" entre outras quantas frases que me arrepiam as entranhas cada vez que as ouço.



Ver as coisas, vivê-las porque queremos que sejam vividase aproveitadas são as prioridades de um desafio enorme. O cansaço existe e nem sempre pode ser contrariado o sono mas, porque não dispensar algumas horas de descanso para dedicar a algo mais que possa tornar o dia e o bem-estar diferente?

Fica sempre a decisão entre aquilo que faz bem e aquilo que apetece realmente fazer (e acaba sempre por fazer bem de alguma maneira).



(Vi)Ver é querer procurar a novidade no que nos surge como proposta e que nos desafia a melhorar e conhecer mais e mais daquilo que a vida nos pode oferecer,por intermédio de alguém ou por pura vontade até à sua concretização.



Toca a viVer!

quarta-feira, julho 08, 2009


O sério institui-se nos nossos dias como sinónimo de honesto e isso constitui um problema para o humor ( que não é de todo antónimo de seriedade).
Diz-se, na gíria comum, que não se brinca com coisas sérias mas, na verdade, o humor relativiza os assuntos sérios.
Aliás, às vezes, é a deformação das coisas ( e se virmos o humor pode ser isso mesmo) que nos faz vê-las com mais clareza (senão vejamos o exemplo das caricaturas).

No outro dia ouvi alguém dizer, a propósito da designação de humor inteligente, que essa designação parece soar a "merda saborosa" porque pressupõe que o humor não presta e eleva-se com a adjectivação.
Na literatura faz-se o contrário, chama-se literatura light...


Díficil esta coisa dos limiares da adjectivação..
No fundo, sempre a respirar os nossos próprios preconceitos..






terça-feira, junho 30, 2009

Só Deus sabe...



Só Deus sabe...
(tantas e tantas vezes!)

domingo, junho 14, 2009

Há palavras que...


Era uma vez...
(Começa assim este post por a protagonista ser uma criança)


uma menina que tocou à campainha com o maior sorriso do mundo. Eram todos e muitos os motivos para tal luz sair de toda a face e para soltar toda a magia de cada movimento. Foi recebida num abraço apertado e com um "Bom dia!" que parecia do costume. Ao contrário das outras crianças, trocou o tempo de brincadeira pela mesa mais alta, uma folha de papel e uma caixa de lápis de cera. Sentou-se pedindo a companhia da amiga crescida que cuida dela. Sentaram-se e começaram a conversar. A criança informou que se sentia muito feliz com uma simples frase "Sabes, estou muito feliz!" ao que se seguiu a pergunta do adulto, o típico "porquê?", achando-se sabedor da resposta e motivo da felicidade anunciada. Eis que a surpresa apareceu "Porque eu gosto de ti! Gosto muito de ti! Sabes, amo-te!" Seguiu-se uma corrida até ao colo do adulto e o pedido de um beijinho... as palavras daqueles que se acham crescidos e sábios ficam entaladas aquando uma situação destas.



(silêncio sorridente)


a verdade é que o adulto também adora aquela criança, como se tratasse de uma filha (faz parte da personalidade e encaixa na profissão); entre todas as crianças que vão entrando e saindo da vida, todas têm um papel de um pouco filhas. Ripostou-se a resposta entalada com "eu também gosto muito de ti, mesmo muito!" e a artista continuou o seu desenho com um enorme sorriso, enquanto se sentia cintilar o olhar mais alto e desarmado...



Existe uma capacidade extraordinária e clara de se ouvir a sinceridade de uma criança. Surpreender pela liberdade dos sentimentos traduzidos em palavras, em abraços e sorrisos... A simplicidade de aplicar uma palavra que não se sabe bem o que é mas que, pelas situações e enquadramento, aquele pequeno coração sabe que tem um enorme peso e quer dizer alguma coisa mesmo importante...

Desarmar em ponto pequeno coloca toda a gente e mais alguém num patamar minúsculo perante um mundo :)


Há palavras que nos desarmam, que nos silenciam, que nos matam ou nos dão vida! Nada melhor do que viver!

quinta-feira, junho 11, 2009

De qualquer modo...



"Ele disse que quem dança não pode ser totalmente infeliz. Eu assenti mas acrescentei que eu sou daquelas que acreditam que na dança também pode haver desespero. Porque quem dança procura entender o que há para entender, por isso dança porque procura entender o que há para entender. E porque dançar é Ter no Corpo o sistema do desespero e ter no corpo o sistema da salvação, ter no corpo um único sistema que desespera e salva."
excerto d´ O Livro da Dança, de Gonçalo M. Tavares


"De qualquer modo dança,
De qualquer modo sente.
De qualquer modo o corpo contém o dia.
De qualquer modo as cores e o músculo.
De qualquer modo o coração.
De qualquer modo sempre no fundo a memória.
De qualquer modo sem teorias.
De qualquer modo com
a teoria da poética que é não existir teoria e só existir poética
De qualquer modo a ciência atrapalha um pouco mas não totalmente.
De qualquer modo curiosidade.
De qualquer modo coleccionar montanhas.
De qualquer modo acabar quando o ritmo exige que se continue
O ritmo exige coisas que não devemos aceitar obedecer ser escravos."

Gonçalo M. Tavares

sexta-feira, junho 05, 2009

Na verdade, todos temos momentos mais ou menos mediáticos.
Da minha história reza uma aparição pública nos meios de comunicação social internacional (tirando aquela outra rejeição a uma entrevista breve para o telejornal - não fosse aparecer despenteada).

O que é certo é que apareci na televisão sem que disso estivesse à espera (e tenho mesmo a impressão (vá certeza) que despenteada) - corroborando a teoria de que todos temos o nosso minuto de "fama".

Assim, fui convidada a participar, inesperadamente, com uma prestação individual num debate de mesa (de uma conferência a ser transmitida em directo). De facto, até me saí bem na resposta às perguntas... até ao momento crucial da aparição curiosamente simples da questão que, desfez qualquer resquício de reputação séria que foi transmitindo ao longo do meu discuso (claro, para aqueles que consideram que uma pessoa despenteada pode ela mesma ser séria e respeitável) .

Ora, surgiu então o : "Qual o livro que está a ler neste momento". E vai daí que, eu (desconfio que com olhos arregalados de aflição e com suores a escorrerem-me pelo corpo) dirigi-me ao meu colega do lado numa súplica de pedido de ajuda disfarçado mas... nada.

E, para não fazer daquele silêncio uma "incoerência sobre os argumentos anteriormente dados acerca da importância dos hábitos de leitura" e não me lembrando de usar a mentirinha inocente, o nome respeitável de um dos livros obrigatórios que temos que ler na escola ou desviar a boquinha (distraidamente claro) do microfone, balbuciei convictamente (diria até genuinamente) : " A Igreja das meninas mortas" .

Para a próxima prometo que tentarei não incluir mortes, sangue, pedofilia e psicopatologia num só livro já que, temendo um incidente semelhante, até então nunca mais li nenhum policial.

O que é certo é que, por vezes, respondemos sem dificuldade a questões do âmbito geral, sobre ideologias que defendemos ou opiniões que a sociedade nos exige, mas quando toca a questões pessoais, fazemos por pensar nas respostas "politicamente correctas" em troca da nossa verdade. Isto acontece porque, invariavelmente, as impressões valem o que valem e nunca são o resultado dos bocadinhos de revelações que nos vão fazendo mas sim de impactos...


"Parece que está morta a metafísica e que a verdade adormeceu,
sonâmbula,nos corredores vazios
onde, às escuras,
se vão cruzando alguns milhões de frases
dos meus contemporâneos.
Todavia, falam de tudo com o entusiasmo
de quem lança «propostas» decisivas
e percorre as «vertentes» de novos caminhos
para a humanidade,
enquanto saboreiam a cerveja sem álcool,
o café sem cafeína e sobretudo o amor sem amor,
pra conservarem o equilíbrio físico e mental."

Fernando Pinto do amaral

domingo, maio 31, 2009

Ás vezes assisto disfarçadamente à vida dos outros.
Na verdade, somos espectadores assíduos da vida daqueles de quem gostamos...
Mas, distraídamente dou por mim também a observar outras vidas... que não conheço... que se cruzam comigo de uma forma passageira, anónima....
Poucas vezes dou-lhes uma história...
Mas hoje, ao longe, assisti a uma cena e lembrei-me do que uma vez ouvi...
Talvez a ficção imite sempre a realidade...


lume - Raquel Coelho



"Comecei a fumar para te pedir lume.
Para arranjar um motivo. Para.Tens lume? Perguntei-te.Sim. Disseste. Levaste a mão ao bolso.Engatilhaste o zippo. Todo prateado.Abeiraste-te e fizeste concha com a mão direita.Eras canhoto, como o coração.Agora. Disseste.E levei o cigarro até à chama.
Já está. E sorriste.Importas-te que te acompanhe? Perguntaste.Não, claro que não. Claro que não.Está frio. Disseste. E esfregaste as mãos.O cigarro sempre aquece.Sim.
Tossi.Estás bem? Perguntaste.Estou muito bem.Óptimo. Disseste. E sorriste.Aquele café além é acolhedor. Não tomas nada? Um chá fazia bem à tosse. Perguntaste. E disseste.Sim, um chá calhava bem. Estava mesmo a apetecer-me.
Parece que adivinhei. Disseste. E aí sorri eu.Tomámos chá e de imediato fizemos planos de vida.Que correram mal, imediatamente mal.Comecei a fumar para te pedir lume.Para passar o frio.Descobri que não viria a morrer.Nem de cancro pulmonar, nem de amor,mas da própria morte, mal o lume se apagou o café fechou as portas. Para sempre."

Hoje não estava frio mas....

segunda-feira, maio 25, 2009

Quando era pequenina chamava-lhe: "Nó na garganta"!


Quantas vezes digo “ Vou dormir!” … mas não fico por aí… tenho a invariável mania de dizer:
“ Daqui a 5 (ou o que seja) minutos vou dormir! “
Como que à espera de me convencer, de me ir preparando e ir preparando os outros…
“Vou dormir”…
Acho que não sou apologista de coisas repentinas…
E quantas vezes vou dormir e fico inerte, mas com a cabeça a deambular pelos lugares mais rebuscados …
Aí , repentinamente, preparo-me para dizer a mim própria (em tom de convencimento):
“ É agora, dorme… dorme… dorme…”

«Não te mata quando chega a hora do dia em que fechas a porta do quarto, porque já não aguentas o mundo lá fora, e desligas a luz do candeeiro como quem interrompe vida?.»

sábado, maio 16, 2009

Parti...

“O mundo é um lugar demasiado grande para se perder a perspectiva; a vida demasiado rica para lhe voltarmos as costas. Recentemente, seguido de uma série de acasos que resolvi apelidar de “milagres”, recomecei a viajar. Como toda a gente, apanhei muitos aviões e comboios nos últimos anos; não é disso que se trata. Trata-se de o ter feito, ao fim de tanto tempo, de olhos abertos e sem a espada de Dâmocles sobre a cabeça. E, quando regressei, percebi que me era impossível regressar.

Que, até ao fim da vida, era isto que eu queria fazer: viajar todos os dias. Mesmo estando quieto, mesmo atrás da mesma secretária escrevendo as mesmas palavras às mesmas intermináveis horas; estarei eternamente em viagem. Porque já perdi demasiado tempo, vou ao armário buscar as minhas malas surradas e velhinhas; vou comprar um bilhete para a vida; e, depois, cheio de esperança e de coragem, vou entrar em cada avião que passa como se só houvesse um sentido, como se nunca se chegasse a parte alguma, como se a viagem fosse na realidade o destino porque todos os dias são dias de partida.”

João Tordo


Estou de partida...porque todos os dias são dia de partida...

sexta-feira, maio 08, 2009

"Enchemos de sombra a mesma rua"


Um dia fui ao cinema e acabei com uma menina desconhecida (que conheci depois) a dormir ao meu colo.

Já vivi também a versão masculina da bela adormecida com muito pouco de conto de fadas. A carrugem apareceu ao estilo moderno… encaixada num comboio. Era a 21! E na improbabilidade de algum dia me ter visto antes, e sem qualquer intenção de piropo, o meu companheiro de lugar confidenciou-me sentir que já me conhecia antes. Talvez do sonho de que acabava de acordar, disse. E ficámos por ali, num silêncio duradoiro!

Naquele silêncio duradoiro fui contagiada pela sensação do desconhecido!
Podemos fazer do desconhecido, conhecido… ou optar por não conhecer… ou por conhecer noutra altura…


Sim, naquele silêncio duradoiro fui contagiada pela sensação do desconhecido!
E precisei de lembrar o que fui conhecendo…alguns “tus”…antes desconhecidos… agora conhecidos…ainda desconhecidos nuns aspectos…

Conhecer devagar e não num ápice… com cuidado…
(Re)conhecer as descobertas…

Pois é… Conheço-te! Será que por acaso?
Escolhi ir conhecendo ( e não por acaso)…



Já deixei o meu nome gravado por aí, num lugar que só nós sabemos…
Achei um tesouro em cima de uma árvore depois de me teres feito correr atrás de ti…
Em tempos, já caí desastrada para o meio de um rio com a tua mochila às minhas costas…
Já construí um puzle de peças mínimas contigo, enquanto discorríamos sobre o desprazer de tal tarefa.
Tenho guardados todos os papelinhos que trocávamos religiosamente na aula de físico química.
Um dia, saí à noite contigo e uma varinha mágica escondida no casaco com a intenção de espalharmos magia…
Já escrevi uma viagem ao mundo contigo e desci uma duna de mãos dadas mas nunca andei às tuas cavalitas e tenho pena!
Parti o dedo do pé a jogar futebol só porque queria marcar golo na tua baliza.
Já dormi com muitas borboletas no quarto e contigo na cama ao lado.
Limpei sapos de um tanque gigante sem saber que me convidarias mais tarde a ficar imersa naquela água a ver o pôr do sol.
Já dei um grito forte naquela praça muito povoada que fizeste de tua casa este ano!
Sentei-me na pedra que escolheste, encostada a ti, naquele monte que tão bem nos acolheu a conversa e nos equilibrou a ousadia de movimentos malabaristas.

Já te desenhei um bigote em canetas de feltro enquanto me rabiscaste qualquer coisa no rosto, para depois sairmos à rua!
Quase enchemos uma sala de balões só com o sopro de nós as duas!
Já ficamos a ver a noite inteirinha a cair, sem nos deixarmos apoderadar pelo sono, naqueles degraus estreitos.
Já acordei a meio da noite para ver se estavas bem!
Ensinei-te a minha dança e tu fizeste questão de a imortalizar.
Já rezaste por mim e... e eu por ti!

Já...


"A tua vida é uma história triste.
A minha é igual à tua.
Presas as mãos e preso o coração,
enchemos de sombra a mesma rua."

Eugénio de Andrade



Nas ruas destas vida... Conheci-te...

sábado, abril 25, 2009

Entre cidades e pensamentos


Numa viagem de muitos quilómetros, entre as duas cidades que poderiam, e podem, contar muito da minha história e revelar muito daquilo que me trouxe até onde estou, dei por mim a vaguear nos pensamentos que ficaram quietos e sossegados pelos atropelos do dia-a-dia que chamamos "rotina" e "monótonos". A verdade é que afinal tenho muito que agradecer. Em parte, a opção partiu de mim, quando decidi escolher o curso e a profissão que tenho, por outro lado, a sorte de ter conseguido chegar onde estou e arriscado as mudanças, lutado pelas coisas; e ainda pelo possível dom de exercer e ter perfil (acho) para aquilo que faço. Curioso como posso orgulhar-me em dizer que nenhum dia é igual, que todos os dias consigo ter um misto de sentimentos e sensações (desde o rir ao lançar um grito mais forte; uma pressa em preparar as coisas a tempo até ao esperar, minuto a minuto,a saída de cada uma das crianças; oportunidade de brincar e ensinar até ao tornar as coisas mais sérias e fazer valer aquilo que são regras e gerem um grupo de crianças que está em constante crescimento e aprendizagem).


Não tenho que me sentar numa secretária e olhar para a papelada ou um computador horas a fio; não tenho que fazer telefonemas e enviar faxes; não tenho que fazer entregas ... basicamente, ao contrário de muitos, lido directamente com as pessoas (miúdos e graúdos), posso ir vendo o fruto do meu trabalho (pode haver algumas excepções mas é bastante comum) e orgulhar-me dele! Mas, acima de tudo, a responsabilidade pesada que se tem é transformada numa constante troca de afectos,conquistas, confiança, ... resumidamente, o lado maternal prevalece em todos os momentos. Desde a muda de uma fralda, ao colo, ao sermão, ao castigo, às risadas e palhaçadas, às curiosidades respondidas... é mesmo a expressão certa, "o lado maternal" está em cada coisa que se faz. Cada vida é tomada como "minha" e todo o cuidado é distribuído por carinhas fofas e traquinas.


Igualmente como as mães,há sempre o dia em que os pequenos "ganham asas e voam". Neste caso não ficam capazes de voar sozinhos mas deixam a "nossa asa" e seguem viagem para novas aprendizagens e conquistas, para crescerem por outras paragens.


É caso para dizer que serei mãe no trabalho, pela vida! :)

quinta-feira, abril 23, 2009

"Estás aqui para ser feliz" - Coca Cola

Numa das viagens de visita a casa (agora dita "casa dos meus pais"), pronta a sair da nova cidade deparei-me com esta frase: Estás aqui para ser feliz, ilustrada com a foto de um bebé e um "avozinho", ambos sorridentes! Sair duma carruagem de metro, por entre as pessoas apressadas e a correria habitual contra o tempo nos transportes, sorri e apaixonei-me pelo conjunto da escrita e ilustração... ficou-me a passear na ideia muito tempo (sendo que já passaram umas semanas e ainda penso nisto).

Poderia achar, como qualquer outra pessoa, que a frase poderia encaixar-se na minha vida (isto se procurasse alguma coisa para encaixar no sentido que poderia dar à frase; ou simplesmente, encarar aquilo como uma sugestão para começar a olhar a vida e todas as mudanças e situações dos últimos tempos. Ainda não e decidi por qual delas optei mas tenciono fazê-lo. Umas vezes acho que a cidade e a mudança já são motivos para me deixarem feliz mas pensar que o mundo é enorme e que estou cá (posso estar) para ser feliz...isso exige um pouco mais do que uns dias e uma decisão de como encarar as coisas. Tenho-me limitado a ir vivendo os dias e pensando como melhorar a postura perante cada um deles. Devagarinho isto chega lá. Talvez seja mais uma das coisas em que possa perder o meu pensamento enquanto volto a fazer uma viagem até "casa dos pais", com tanta estrada ou linha que há para seguir... muitos quilómetros para galgar!

E assim ficamos... fico, para me encostar daqui a segundos numa almofada que me aconchega os pensamentos e os deixa dormir mais firmes e acompanhados a cada noite que define a mudanda dos dias e o avançar dos anos.
Desligar a tecnologia, encaminhar-me a comando do cérebro e movimentação dos pés e do corpo até aterrar e ... acordar para o novo dia porque... eu talvez possa estar "aqui para ser feliz!"


Apperently Unaffected

Junção de duas palavras que achei curioso existirem no meu computador e nunca ter parado para reparar nelas senão quando me dignei a sentar-me a ouvir este álbum.

Aparências... ajudam muitos momentos e muita gente, a esconder! É a capa mais usada pelo ser humano, ou a mais comum, nos dias de hoje. Seja por uma questão de hierarquia social seja por uma questão de estar.
Aparentemente muita coisa pode parecer estar bem mas...

Pareço-me aparentemente "não afectada" com o que quer que seja que o silêncio e a correria que tem sido a vida me têm tentado dizer mas que ainda não consegui ouvir. O tempo é das coisas mais preciosas, que está sempre contado com o mesmo número mas que nunca parece ser suficiente e que nunca parece possível de preencher/ocupar da melhor maneira ou, pelo menos, com tudo o que pretendemos. Parar parece ser a impossibilidade da vida "dos crescidos". Não se pára por uma questão de impossibilidade ou porque não se quer poder parar... Parar implica serenar e começar a divagar por aquilo que tem acontecido até então ou que está a acontecer... positivo até certo ponto as paragens. Devem ser feitas mas nem sempre são desejadas pelo (in)esperado.

Aparentemente nada afecta nada e tudo afecta aparentemente tudo!

Permanece-se na aparência do "não afecto" por qualquer coisa mais, e deseja-se ser afectado por aquilo que a vida pode oferecer e desinquietar a tristeza até correr à felicidade ou alegria dos dias.

Aparentemente... (não) afecta!
Aparentemente... (já) está afectado!
Aparentemente... é aparente!

Quase a adormecer

Entrei nesta sala e sentei-me nesta mesa depois do meu dever de hoje, como educadora, acabar após sair da sala, levando 2 crianças pela mão para as entregar aos pais. É o ritual que traça o limite entre a minha vida "sozinha" e a minha vida de serviço e entrega naquilo em que me quis tornar como profissional.

Esta sala estava já meio desarrumada ao chegar... somos duas e há sempre a que tem tendência a arrumar (eu) e a menos preocupada (ela). Conversámos como de costume sobre as coisas do dia, tivemos o momentos dos comes e o momento em que nos ajudamos, partilhas do dia a dia e a parte óptima de morar com alguém parecido connosco, com coisas comuns e, com quem podemos sempre contar... basicamente, a amiga com quem estamos mesmo bem! Engraçado quando dei comigo a pensar que a vida tem com cada surpresa que, só um tempo depois, sentimos o real valor.
Pensei ficar acompanhada até terminar os planos de hoje mas, o sono derrotou o a companhia com muita pressa... deparei-me sozinha, com a televisão ligada (coisa rara nesta casa) e o computador a iluminar. Fiz, andei, circulei e aterrei novamente nesta cadeira. Ia deitar-me quando me assaltou a vontade de escrever qualquer coisa no meio de toda a confusão que me apetece arrumar mas, a preguiça hoje pode sair vencedora pelo cansaço acumulado e pelo avançado da hora que amanhã me vai pesar na caminhada matinal que recomeçarei...

Estreia esta de hoje a de estar na nova cidade a escrever no nosso espaço... normalmente Coimbra era o espaço em que havia 5minutos de fugida para meias palavras apressadas...

Hoje fui surpreendida por mais um balançar de propostas de regresso às raízes que ficaram adiadas ou, provavelmente, fora de questão.

Senti que estou porque tenho que estar e que não teve mal não regressar (já)!

quarta-feira, abril 22, 2009




Ana… Esperei-te no final de percorreres retalhos amarrotados de crianças… Imagino-te cansada… Mas a música intromete-se sempre como um privilégio na nossa alma…Quis que, nesta noite ouvisses o coração em avalanche… Onde vais? Fica nesta Festa! Nesta palavra deliciosa que acaricia sempre…
Hoje (será que já passou assim tanto tempo? levantando-se uma espécie de poeira fina sob as rugas que fermentam dentro de si só), não sei bem que dia é hoje (mas também estou-me nas tintas!) queria celebrar disfarçadamente a tua companhia no meio destas palavras sorrateiras…

quarta-feira, abril 15, 2009

Quando mudei de casa, deram-nos a escolher os quartos, a mim e à minha irmã, com a condição de entrarmos em consenso…

Hoje acho que não fiz a melhor escolha (acho que isto nos vai acontecendo muito na vida =), não que me importe com isso (até porque não passo grande tempo no meu quarto).
Mas acho que me deixei espantar por qualidades superficiais…( o que também nos pode acontecer algumas vezes na vida)!

O quarto da minha irmã, entre outras coisas, tem uma vista muito bonita… Vê-se a cidade toda, todinha, as casas em miniaturas, o castelo, as árvores… e de noite sobressaem as luzes…
Ela deixa-me ir para lá…

Quando vivia no apartamento tinha uma predilecção secreta por estar na varanda da sala, apenas a olhar a rua, a sentir a cidade, à espera que chegasse a hora dos meninos virem brincar e me chamarem em uníssono, avisando que tinha chegado a hora de descer…

Hoje, tenho uma predilecção secreta por me sentar no telhado do quarto ao lado do meu, a ensinar-me a admirar o que tenho à minha volta, a sentir a cidade e sentir-me perto ou longe, à espera que não chegue a hora de descer, enquanto aprendo a brincar sozinha (com os meus pensamentos)….

E depois vou dormir… =)

sábado, abril 11, 2009

Porque o presente




és tu...!!
PARABÉNS!

Obrigada por tudo e mais qualquer coisa. como te disse, é difícil ter palavras para dizer "aquilo" que sabes!


Be happy!

quarta-feira, abril 01, 2009

A força dos fracos


A força é uma arma forte para aqueles que a usam de forma controlada e bem empregue. Há quem use a força em vez da mente, vice versa e, há ainda quem usa as duas coisas de forma equilibrada e correcta.

Há uma forte tendência em dizer que são os fortes que têm força, sendo esta exibida de forma abusiva. Mas, existem os fracos que, por muito "franganotes" que sejam, têm a sua força guardada para a surpresa dos momentos e situações.


A vida corre e as situações vão sendo desafios diários e momentâneos. Parece que cada segundo conta como a maior preciosidade e tem que ser usado com toda a cautela e atenção minuciosa entre as palavras, decisões e movimentos que são dados/feitos. Basta um piscar de olhos para se perder a capacidade de evitar ou provocar algo.

Diante de situações difícil e inesperadas parece que há momentos em que, ou somos o suporte, ou somos o fracasso e o desmontar de alguém; ou somos o pilar que segura, ou a rampa que faz escorregar. Torna-se mais fácil quando se cede ao que se sente e se deixa prevalecer a espontaneadade dos sentimentos que a capacidade de pensar as coisas.

É doloroso prender a lágrima e petrificar o tremer do corpo; deixar de parecer sensivel e tornar o ser num silencioso corpo andante e maquinizado que faz tudo sem qualquer expressividade; ceder ao silêncio para que as palavras não desmoronem o que deixa transparecer a fraqueza de uma palavra só; ...


Ser forte na fraqueza que se reconhece mas não se mostra torna-se difícil mas possível...


Faz o dia terminar num silêncio interior e exteriorizar uma distância da mente e um monte de gotas prisioneiras de um olhar que é expressivamente "inexpressivo", silencioso e denunciador...


Os fracos também podem ser fortes...

sexta-feira, março 27, 2009

O que levo dentro das "minhas coisas"?


E onde vou arrumá-las??







Parar não tem sido hipótese...
parar = pensar...

Não é o momento certo, resta saber se ele existe ou é criado

Mudanças...


Sentir a tralha acabada de arrumar e com lugares fixos e... parece que ainda não é desta que ganham forma dentro das 4 paredes...

toca a procurar, pegar na mala e seguir viagem, ainda que seja para "o sítio mais ao lado" ...

LOLOL

Há mudanças e mudanças... resta saber quais são as que realmente mudam: se as duas, uma ou... nenhuma!

Passo e passo


Um passo de cada vez que leva adiante um corpo que se perde por entre as ruas mais iluminadas ou escurecidas de dias e noites que teimam em ir passando, passo a passo, enquanto são percorridas apressadamente cansadas.
Pequenos passos que vão pisando um chão desconhecido mas que, cada vez mais, se torna um chão menos impessoal e mais informal... ainda com muito para descobrir e caminhos novos a percorrer mas que, o tempo tratará de desbravar.

São passos de quilómetros ou de meros metros; passos de partilha e amizade com passos de profissão e dedicação; passos de lágrimas de dor e saudade fechadas num corpo, e sorrisos de alegria e amor em "pequenos grandes" gestos que não passam de infâncias acompanhadas com orgulho e felicidade; passos de descobertas que o escuro só desvenda quando a luz se acende e o caminho percorrido é seguro e mais tranquilo...

Vê-se no horizonte que a linha existe mas sabe-se que não termina ali. Há passos para além do olhar e do seu alcance... há um futuro caminho que pede que seja pisado mas não promete nem segurança nem qualquer coisa, apenas promete ser caminho e deixar que os pés se deixem cair firme enquanto pisam o chão e carregam o que o corpo traz da vida.

Passo e passo, avança-se e descansa-se ... pois pode caminhar-se andando ou estando um pouco, nunca sempre, parado.

Perder e ganhar

Uma constante roda viva de coisas, pessoas, sitações... que tornam a vida diferente de alguma maneira. O tempo parece escassear a todo o momento e as coisas parecem correr a uma velocidade extraordinariamente apressada. Encontram-se as pessoas perdidas na salada mista da vida profissional que tira "férias" quando se aproxima o fim-de-semana que parece mais curto que um cobertor de uma criança.

Ganhar tempo faz perder qualquer coisa mais;
Perder tempo em qualquer coisa, faz ganhar algo mais nessa "outra coisa";
Perder tempo a falar ao telemóvel ou a mandar mensagem, pode ser a consequência de se ganhar um conforto das palavras de alguém, uma partilha de bons momentos e segredos que ajudam a adormecer de sorriso no rosto;
Não descansar pode ajudar a ganhar-se momentos para mais tarde recordar;
Dormir ganha-se maior descanso e perdem-se horas a dormir que poderiam ser dedicadas a outra coisa;

Dei por mim a pensar que perdemos e ganhamos a cada decisão, a cada pequeno passo ou momento que fazemos qualquer coisa, seja escrever num blog ou dormir tranquilamente numa cama, sendo 1h da madrugada.

Quando se perde numa relação ganha-se em amizades e em conhecimento de nós mesmos e da vida;
Quando se ganha numa relação, ganha-se alguém, partilha-se a vida, conhecesse mais umas quantas pessoas e soltam-se sorrisos e momentos mais profundos com amigos comuns...

Estamos sempre a perder e a ganhar... e é o tempo que faz a contagem das vitórias ganhas e das derrotas ganhas também.