Um dia fui ao cinema e acabei com uma menina desconhecida (que conheci depois) a dormir ao meu colo.
Já vivi também a versão masculina da bela adormecida com muito pouco de conto de fadas. A carrugem apareceu ao estilo moderno… encaixada num comboio. Era a 21! E na improbabilidade de algum dia me ter visto antes, e sem qualquer intenção de piropo, o meu companheiro de lugar confidenciou-me sentir que já me conhecia antes. Talvez do sonho de que acabava de acordar, disse. E ficámos por ali, num silêncio duradoiro!
Naquele silêncio duradoiro fui contagiada pela sensação do desconhecido!
Podemos fazer do desconhecido, conhecido… ou optar por não conhecer… ou por conhecer noutra altura…
E precisei de lembrar o que fui conhecendo…alguns “tus”…antes desconhecidos… agora conhecidos…ainda desconhecidos nuns aspectos…
(Re)conhecer as descobertas…
Pois é… Conheço-te! Será que por acaso?
Escolhi ir conhecendo ( e não por acaso)…
Já deixei o meu nome gravado por aí, num lugar que só nós sabemos…
Achei um tesouro em cima de uma árvore depois de me teres feito correr atrás de ti…
Em tempos, já caí desastrada para o meio de um rio com a tua mochila às minhas costas…
Já construí um puzle de peças mínimas contigo, enquanto discorríamos sobre o desprazer de tal tarefa.
Tenho guardados todos os papelinhos que trocávamos religiosamente na aula de físico química.
Um dia, saí à noite contigo e uma varinha mágica escondida no casaco com a intenção de espalharmos magia…
Já escrevi uma viagem ao mundo contigo e desci uma duna de mãos dadas mas nunca andei às tuas cavalitas e tenho pena!
Parti o dedo do pé a jogar futebol só porque queria marcar golo na tua baliza.
Já dormi com muitas borboletas no quarto e contigo na cama ao lado.
Limpei sapos de um tanque gigante sem saber que me convidarias mais tarde a ficar imersa naquela água a ver o pôr do sol.
Já dei um grito forte naquela praça muito povoada que fizeste de tua casa este ano!
Sentei-me na pedra que escolheste, encostada a ti, naquele monte que tão bem nos acolheu a conversa e nos equilibrou a ousadia de movimentos malabaristas.
Já te desenhei um bigote em canetas de feltro enquanto me rabiscaste qualquer coisa no rosto, para depois sairmos à rua!
Quase enchemos uma sala de balões só com o sopro de nós as duas!
Já ficamos a ver a noite inteirinha a cair, sem nos deixarmos apoderadar pelo sono, naqueles degraus estreitos.
Já acordei a meio da noite para ver se estavas bem!
Ensinei-te a minha dança e tu fizeste questão de a imortalizar.
Já rezaste por mim e... e eu por ti!
Já...
"A tua vida é uma história triste.
Eugénio de Andrade
Nas ruas destas vida... Conheci-te...
2 comentários:
maria que texto belissimo!!! ja não passava por aqui ha algum tempo.. :) adoru a forma como escreves,é fantástica! parabens miuda! saudades!
:) linda! *
Enviar um comentário