quarta-feira, setembro 23, 2009

Pausa e sonhos


Depois da pausa vem o movimento. O corre corre, o para frente e para trás de tudo e todos; a azafama do contra-relógio...


Encontramos na vida, depois desta começar a ter o seu típico desenrolar (o chamado emprego e responsabilidade, o pôr em prática os anos de estudo e teoria), pouco momentos em que nos podemos sentar e desfrutar de momentos relaxados, extenso, intensos... prolongadamente agradáveis e despreocupados. Até as miseras horas da noite parecem preencher-se de preocupações e acordares sobressaltados com pesadelos desmedidos e estupidamente afastáveis... estupidez real mas possível!


Contam-se pelos dedos os pequenos grandes momentos que retratam um rever, folha a folha, do percurso até então, da história dividida em capítulos, das personagens e reviravoltas de uma história que, não se consegue saber o fim de maneira alguma, sendo que a última página não existe e, curiosamente, não se encontra na contracapa um resumo (breve ou não) do que temos como conteúdo... o protagonista permanece, certamente, e dá continuidade a todo o desenrolar da acção; as personagens secundárias podem variar, podem ir e regressar ou, simplesmente, desaparecer com uma frase simples como "e nunca mais se ouviu falar dela!" encerrando o assunto e passando ao parágrafo seguinte.


Aparece no meio de tanta letra batida algumas imagens, nas páginas de um livro, poderia ser qualquer coisa como "procura-se nova história"; "procura-se ocupar tempo que alguém tenha para disponibilizar e por ocupar!" (lol) há gente com tempo a mais que, não sabe o que fazer com ele... seria, talvez, um bom negócio vender o seu tempo para ser ocupado por alguém (estupidez pegada, bem sei, mas a capacidade de poder sonhar, vaguear e aparvalhar ainda me pode correr nas veias... certo?).

Sentar o corpo na beira de algum lugar, descalçar a alma perante um sol quente e convidativo a um mergulho, não apenas dos pés, e deixar a vida soltar-se das entranhas do corpo, fresco e cintilante com o reflexo da luz, da água e da transparência do momento. Fica-se pelo simples sentir do fresco percorrer os pés, arrepiar até à ponta do cabelo mais comprido e, respirar fundo com os olhos e o coração, inspirar a paisagem e o silêncio assustadoramente agradável e imenso... "tudo o que é bom acaba depressa" e aterra-se de cabeça no real apesar do calor ser o mesmo, o sol, cenário, coração, corpo... e os pés molhados permanecerem ali mesmo... frescos a desejar algo mais...
... sonhar com a porta que abre e alguém segura um cartaz a dizer "Arrisca!"


"Aceitam-se novidades e alterações «dessas» nesta vida!"


Termina a pausa e o autor segue com o livro à espera de fechar um capítulo e a acordar de uma pausa adormecida em cima do teclado que não foi tocado, senão pelo rosto adormecido... perdeu-se a escrita num sonho que, foi escritamente sonhada e sonhadamente escrita num teclado de sonhos e... numa pausa ... somente pausada ... no tempo!


1 comentário:

Maria disse...

Contamos histórias com aquilo que somos e com aquilo que não suspeitamos que somos...

O mais bonito é que, mesmo as pausas, se revestem de histórias...

Estamos condenados a contar estórias uns aos outros!