segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Pudor do vulgar


Soube há pouco que Charles Dickens só era capaz de dormir numa cama em que a cabeceira estivesse virada para Norte e só adormecia se o seu corpo estivesse no centro do Colchão. E, por isso mesmo, fazia medições exaustivas com o objectivo de saber qual o sítio exacto onde se deveria deitar.

Acho que gosto dos pequenos nadas que infiltramos como rituais nas nossas vidas. Quase inconcientes.. manias..desvarios.. simplicidades..
Mas também gosto daquilo que nos destabiliza a rotina, por uma vez, e que consegue ser tão agradável, por ser isso mesmo, irrepetivel..

Existe uma espécie de obstinação que nos leva a querer deixar marcas, sobressairmos nos contextos ou relembrar a nossa unicidade. Desafiar perigos como glória pessoal. Construir um portfólio individual entusiasmente... numa especie de conquista pela sobrevivência sob a perspectiva do darwinismo social.Vincar a nossa diferença.

No entanto, não digo que, em certas ocasiões, não seja bom passarmos despercebidos. Acomodando-nos discretamente a um lugar casual que não nos exige a defesa de uma qualquer opinião, uma decisão ou a escolha de argumentos plausíveis e coerentes com as nossas atitudes. Refugiarmo-nos num "batido" conformismo social.
O que digo é que, hoje em dia, todos tendemos a fugir da vulgaridade.. (e fazêmo-lo por descuido, despercebidamente). O banal assusta… como que se precisássemos de atingir uma imortalidade fictícia… surreal…momentânea!

O pudor do vulgar existe… um bocadinho em todos nós!

E agora uma frase que não tem sentido nenhum, mas fica sempre bem para fechar (tornando o post (quem sabe!) invulgar); como dizia o Tony : “Ai destino, ai destino!”

2 comentários:

Anónimo disse...

Achas mesmo que a frase não tem qualquer sentido?

Bjs,
Cláudia

An@ disse...

O vulgar parece realmente "esperado" quando achamos que o invulgar passa pelo inesperado para qualquer um. Engraçado que o invulgar que é premeditado deixa de o ser ou, passa, simplesmente, por um curto tempo de invulgaridade...

Cada qual com os seus pontos de vista mas, sim... parece que tentamos sempre fugir daquilo que parece comum...

Tentativas... sucesso ou não... vive-se

Gostei da frase:) eheh