sábado, novembro 29, 2008

"Não era/sou capaz"...

Não era capaz de chegar ao interruptor, de cozinhar, de conduzir, de preparar um pequeno almoço, lavar a loiça... hoje em dia tudo acaba por ser tão normal e possível que pouco me recordo de quando foi que comecei a saber ou ser capaz de fazer estas coisas.

Olhando agora...

éramos capazes de sonhar com imensa magia, de imaginar e inventar as coisas mais extraordinárias mas que hoje a capacidade é tão reduzida porque a teimosa da realidade interrompe cada momento mais tranquilo e mágico do pensamento mais infantil e sonhador dos crescidos. Ainda assim eles andam aí a gabar-se que são capazes de fazer mil e uma coisas que, as crianças, não conseguem. Mas elas não conseguem pelo seu tamanho, porque não têm destreza, porque ainda não conseguem aprender...
mas os crescidos, que tanto sabem e tanto dizem ter aprendido... nem sempre conseguem pôr em prática tudo isso.

Dependendo do patamar da pergunta, afinal quem não é capaz de quê?
A criança (que vai crescer)
Ou o adulto que as julga pouco capazes??

Não sou capaz de responder com certezas!

Depois de algum tempo...

Enquanto o tempo passa vamos adiando mil e uma coisas para fazer outro dia e com mais calma. É verdade... acontece a todos, a verdade é que há pequenas coisas que fazem a diferença se forem feitas com calma e com tempo. Escrever é uma das coisas que me parece que precisa de algum tempo.
Faz tempo que sentia vontade e saudades de o fazer mas parece que o relógio vai sempre marcando uma hora "à frente" daquela que seria tempo de escrever.

Parar e pensar exige uma banda sonora, seja ela o silêncio ou o barulho tresloucado de pessoas e carros na rua, de arrumações ou de um simples crepitar de madeira a estalar enquanto um quentinho invade o corpo.
O tempo passa com o estalar de cada tecla pressionada e que desenha palavras em segundos ... todas elas formam um desenho com sentido, pelo menos para alguns que as lêem ou, simplesmente, para quem as escreve.

Depois de algum tempo....
o ser humano vai-se habituando a rotinas, a hábitos, e as situações que vão fazendo a diferença de um dia começam a moldar-se aos poucos. Rapidamente (ou não), começa-se a verificar que as boas mudanças são rapidamente adquiridas e se voltam atrás mexem com muito do equilíbrio que já havia sido conquistado e trazido. Um grito que tinha deixado de existir levantam a pele "ao de leve" e por pouco não descontrolam um corpo por inteiro.
Difícil entender o porquê das mudanças e de algum "retornar" que possa surgir...

Depois de algum tempo...
pode sentir-se saudades de alguém que está a uns palmos e com quem se passa a maior parte de um dia. olha-se para trás e vê-se como o tempo corre rápido. Enquanto parece que se avançou um passo já está metade do caminho percorrido... torna-se estranho porque tudo avança como o vento e é imparável! Nem sempre frio mas... não pára porque se quer ou se manda!

Depois de algum tempo... sente-se como vamos crescendo... sem se saber propriamente como aconteceu!

quinta-feira, novembro 27, 2008

Um dos primeiros filmes da história do cinema foi “Chegada de um comboio à estação de Ciotat” em 1895 (dos irmãos Lumiére).
Mostrava apenas a chegada de um comboio à estação. Um filme de um minuto, sem narrativa e sem preocupações estéticas ou técnicas.

Actualmente, também se fazem filmes de um minuto (com uma história)….

http://www.theoneminutes.org/public/index.php?movie_id=20060679
que mostra o quotidiano…

http://www.theoneminutes.org/public/index.php?movie_id=20070743
que mostra segredos…

http://www.theoneminutes.org/public/index.php?movie_id=59
que mostra relações…

Hoje vi uma proposta giríssima de uma actividade que a editora do livro “O Mundo num segundo” fez às crianças na apresentação do seu livro:

“Pensem num segundo, um segundo maravilhoso e ofereçam-no a um colega”.

Estendo para minuto…
Gostaria de oferecer todos os minutos onde não existem preocupações narrativas, estéticas ou técnicas…
O minuto onde nos impelem a dizer que conseguimos algo, porque tentar não basta!

domingo, novembro 23, 2008

E ao anoitecer

“e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio e a difícil arte da melancolia”

Al Berto







E depois de saborear esse silêncio agridoce, enquanto me deixo consumir pela melancolia, enquanto respiro a tremura dos pensamentos…
Apareces e…
Inconsequentemente quebra-se a mudez… o toque dos teus sussurros incandescentes e escorregadios… Escorregadios de sentimentos certos, envolvidos na incerteza de mos contar… incandescentes, como se ardessem no teu interior, tornando-te no mais misterioso pecador…

E assim deslizo para o beijo (das palavras).. Aquele que confundes com sopro leve… aquele que deixa um rasto suave, desprendendo a ténue incerteza do toque...
Sempre com a certeza de aguçar ainda mais o desejo....

E apareces sempre ao anoitecer…
E ensinas a paciência, o amor e o abandono das palavras…
Neste silêncio surdo de melancolia…
Neste desejo tão longe de agarrar…

Porque afinal de contas é ao anoitecer que mais sonhamos…

sexta-feira, novembro 21, 2008

Programa não recomendado a adultos ( vulgo eu!)

2 gemêos de 4 anos.
1 Centro comercial.
1 vontade súbita de ir à casa de banho ( dos 2 em simultâneo - que desconfio ser uma táctica perfeita para não comerem até ao fim a deliciosa refeição do Pato Donald´s ( vulgo Mac Donald´s), que passaram o caminho inteiro a pedir fervorosamente e que, desconfio também, que a fome sentida seria não mais que um pretexto para ganhar uma das surpresas do Happy Meal.
(de facto, o "Happy" é um nome bem dado sim senhora, as maravilhas que as surpresas fazem nas crianças. Isto, se um dos gemeos não ganhar uma prenda diferente da do outro e ficar a fazer birra por querer a do irmão!. Deixem-me que vos diga que, para mim de "happy" não teve nada).
No caminho para a casa de banho: a existência de 1 casa de jogos (com carrinhos do noddy e essas coisas) e enfeites referentes à epoca natalicia (com árvores de natal e trenó do pai natal e essas coisas. Por essas coisas entendam-se coelhinhos :S ( sim é verdade, ao que parece os duendes foram mesmo substituídos por coelhinhos!).
E ao que parece também a vontade de ir à casa de banho tornou-se muito menos aflitiva quando nos deparamos com isto tudo no meio do caminho (já agora aproveito também para fazer aqui um apelo a todos os arquitectos de centro comercial que nos leiam: tenham mais atenção com os sítios de localização das casas de banho, façam sempre uma perto do Mac Donald´s)!
E, por fim, quando chegamos ao destino (não sem antes um ter caído, não sem antes me terem dito que já eram crescidos demais para me darem as mãos, não sem antes quererem despir os casacos) verifiquei, incrédula que, ao que parece, a vontade de ir à casa de banho estava lá... ou apareceu (depois de tanto tempo para chegar à casa de banho)!

sábado, novembro 15, 2008

E tudo isto aconteceu na minha rua...



Não sei porquê mas tenho um carinho especial por estas melodias…
Ou talvez saiba…
Acho que é por conhecer e gostar mesmo muito de quem fez nascer de dentro do anaquim a “inspiração”…Já foi há muito, muito tempo…Lembro-me de ele (num passado longínquo) se sentar na minha cama (que ficava ao lado da dela) enquanto dedilhava na viola; enquanto lhe oferecia sorrisos romanticamente arrebatados (e nós, as amigas, assistíamos enternecidas a todo o cenário, também um pouco sensibilizadas com o mau gosto que ele tinha para escolher prendas) … E de tão extasiado (que ficava junto dela) uma vez até ia escorregando (ou será rebolando? =) pelas escadas abaixo…
A eloquência do sentir!


Serei sempre a companhia dela enquanto me pedir para o ouvir, tocar-lhe com o olhar, vibrar com ele no estrelato a dedicar-lhe músicas numa subtileza arrojada…
É uma história intermitente (a deles) bem sei…
Uma passagem condenada a ficar…
...rasgada e atirada nos meandros das suas vidas…
Talvez um dia surja também a oportunidade de editar o livro (aquele onde eu apareço referenciada numa linha, como mera expectante enquanto se desenrola a arte como fruto das recordações veementes, do que resta e restará para sempre; da abissal lacuna entre o querer e o não querer alguém e do entorpecimento que é deixar-se envolver nessa ambivalência!).


E que orgulho tenho em ser confidente de quem sabe “inspirar” tão bem!
...nas ruas… andam espalhados pedaços de vidas… Restos de histórias para contar…Sempre!
E no entretanto surgem letras segredadas a cantar:


"O meu destino é simplesmente ler poemas, filmes de cinema com finais bem conhecidos, fazer ruídos para ouvidos incompreendidos, numa tentativa de atenção!"


"Não acredito na bela sem senão, vivo iludido com a própria ilusão e não me digam que ela não existe, o mundo ao fim ao cabo é de quem lhe resiste."


"Não queiras salvar alguém que nasce condenado, não queiras a calma de uma alma enforcada na negação de si"


"Mas bem lá no fundo sei que há mais no mundo, escapam os padrões ditos normais e banais...São postos de lado, marginalizados os monstros com pecados a menos ou com pecados a mais"


"Amanhã a fúria de um mundo imperfeito volta para se vingar em ti!"

quarta-feira, novembro 12, 2008

Nada é para sempre...


Uma vez disseram-me que dizer “Eu amo-te” (com aquele fulgor típico, que deixa escapar um entusiasmo natural) é totalmente diferente de dizer “Eu, (pausa) amo-te”… É que estas palavras devem levar um embalo próprio, uma força inexplicável que não nos permite parar… que nos faz mover mais depressa… aliás que nos move.. e nos (co)move..

P.S: Considerar os filmes portugueses como exemplo da expressão sonora “ Eu (pausa) amo-te” com a mais valia de ter aglomerada uma cara de enterro enquanto se proferem as tais palavras.
E fica aqui, assim, a minha lembrança aos quase 100 anos de Manoel de Oliveira! (feitos daqui a exactamente um mês).

terça-feira, novembro 11, 2008

"Não tens de olhar sem gosto nem de gostar sem ver"



"Assoam-se-me à alma, quem como eu traz desfraldado o coração sabe o que querem dizer estas palavras. A pele serve de céu ao coração."

Luís Miguel Nava in Poesia completa

domingo, novembro 02, 2008

Dear Anna - Jason Mraz

Após uma pausa entre umas linhas e outras encontrei quis continuar a conhecer mais do senhor que me deram a conhecer faz uns anitos e agora anda aí a conquistar a malta! Encontrei uma música que me captou a atenção (sabe-se lá porquê!)... deliciei-me!!






Did the roses never open,
Are you left to start again?
And not a single tear should fall into the water,
That you kept them in.

Dear Anna,
I am the only one,
Who will love you until the end,
Ayy Anna,
Open your heart again,
And warm me by the fire within.

How are you going to face the autumn,
With the pain you only friend?
Just remember that; Before you know the winter,
You'll know love again

Dear Anna,
I am the only one,
Who will love you until the end,
Ayy Anna,
Open your heart again,
And warm me by the fire within.

I stand forewarned,
Love will change,
Even the best of friends,
And nothing wrong with starting over,
Go on and have yourself a cry,
I just wanna be the man with arms around you,
When you dry your eyes

Dear Anna,
I am the only one,
Who will love you until the end,
Ayy Anna,
Open your heart again,
And warm me by the fire within.