terça-feira, junho 30, 2009
domingo, junho 14, 2009
Há palavras que...
Era uma vez...
(Começa assim este post por a protagonista ser uma criança)
(Começa assim este post por a protagonista ser uma criança)
uma menina que tocou à campainha com o maior sorriso do mundo. Eram todos e muitos os motivos para tal luz sair de toda a face e para soltar toda a magia de cada movimento. Foi recebida num abraço apertado e com um "Bom dia!" que parecia do costume. Ao contrário das outras crianças, trocou o tempo de brincadeira pela mesa mais alta, uma folha de papel e uma caixa de lápis de cera. Sentou-se pedindo a companhia da amiga crescida que cuida dela. Sentaram-se e começaram a conversar. A criança informou que se sentia muito feliz com uma simples frase "Sabes, estou muito feliz!" ao que se seguiu a pergunta do adulto, o típico "porquê?", achando-se sabedor da resposta e motivo da felicidade anunciada. Eis que a surpresa apareceu "Porque eu gosto de ti! Gosto muito de ti! Sabes, amo-te!" Seguiu-se uma corrida até ao colo do adulto e o pedido de um beijinho... as palavras daqueles que se acham crescidos e sábios ficam entaladas aquando uma situação destas.
(silêncio sorridente)
a verdade é que o adulto também adora aquela criança, como se tratasse de uma filha (faz parte da personalidade e encaixa na profissão); entre todas as crianças que vão entrando e saindo da vida, todas têm um papel de um pouco filhas. Ripostou-se a resposta entalada com "eu também gosto muito de ti, mesmo muito!" e a artista continuou o seu desenho com um enorme sorriso, enquanto se sentia cintilar o olhar mais alto e desarmado...
Existe uma capacidade extraordinária e clara de se ouvir a sinceridade de uma criança. Surpreender pela liberdade dos sentimentos traduzidos em palavras, em abraços e sorrisos... A simplicidade de aplicar uma palavra que não se sabe bem o que é mas que, pelas situações e enquadramento, aquele pequeno coração sabe que tem um enorme peso e quer dizer alguma coisa mesmo importante...
Desarmar em ponto pequeno coloca toda a gente e mais alguém num patamar minúsculo perante um mundo :)
Há palavras que nos desarmam, que nos silenciam, que nos matam ou nos dão vida! Nada melhor do que viver!
quinta-feira, junho 11, 2009
De qualquer modo...
"Ele disse que quem dança não pode ser totalmente infeliz. Eu assenti mas acrescentei que eu sou daquelas que acreditam que na dança também pode haver desespero. Porque quem dança procura entender o que há para entender, por isso dança porque procura entender o que há para entender. E porque dançar é Ter no Corpo o sistema do desespero e ter no corpo o sistema da salvação, ter no corpo um único sistema que desespera e salva."
excerto d´ O Livro da Dança, de Gonçalo M. Tavares
"De qualquer modo dança,
"De qualquer modo dança,
De qualquer modo sente.
De qualquer modo o corpo contém o dia.
De qualquer modo as cores e o músculo.
De qualquer modo o coração.
De qualquer modo sempre no fundo a memória.
De qualquer modo sem teorias.
De qualquer modo com
a teoria da poética que é não existir teoria e só existir poética
a teoria da poética que é não existir teoria e só existir poética
De qualquer modo a ciência atrapalha um pouco mas não totalmente.
De qualquer modo curiosidade.
De qualquer modo coleccionar montanhas.
De qualquer modo acabar quando o ritmo exige que se continue
O ritmo exige coisas que não devemos aceitar obedecer ser escravos."
Gonçalo M. Tavares
Gonçalo M. Tavares
sexta-feira, junho 05, 2009
Na verdade, todos temos momentos mais ou menos mediáticos.
Da minha história reza uma aparição pública nos meios de comunicação social internacional (tirando aquela outra rejeição a uma entrevista breve para o telejornal - não fosse aparecer despenteada).
O que é certo é que apareci na televisão sem que disso estivesse à espera (e tenho mesmo a impressão (vá certeza) que despenteada) - corroborando a teoria de que todos temos o nosso minuto de "fama".
O que é certo é que apareci na televisão sem que disso estivesse à espera (e tenho mesmo a impressão (vá certeza) que despenteada) - corroborando a teoria de que todos temos o nosso minuto de "fama".
Assim, fui convidada a participar, inesperadamente, com uma prestação individual num debate de mesa (de uma conferência a ser transmitida em directo). De facto, até me saí bem na resposta às perguntas... até ao momento crucial da aparição curiosamente simples da questão que, desfez qualquer resquício de reputação séria que foi transmitindo ao longo do meu discuso (claro, para aqueles que consideram que uma pessoa despenteada pode ela mesma ser séria e respeitável) .
Ora, surgiu então o : "Qual o livro que está a ler neste momento". E vai daí que, eu (desconfio que com olhos arregalados de aflição e com suores a escorrerem-me pelo corpo) dirigi-me ao meu colega do lado numa súplica de pedido de ajuda disfarçado mas... nada.
E, para não fazer daquele silêncio uma "incoerência sobre os argumentos anteriormente dados acerca da importância dos hábitos de leitura" e não me lembrando de usar a mentirinha inocente, o nome respeitável de um dos livros obrigatórios que temos que ler na escola ou desviar a boquinha (distraidamente claro) do microfone, balbuciei convictamente (diria até genuinamente) : " A Igreja das meninas mortas" .
Para a próxima prometo que tentarei não incluir mortes, sangue, pedofilia e psicopatologia num só livro já que, temendo um incidente semelhante, até então nunca mais li nenhum policial.
O que é certo é que, por vezes, respondemos sem dificuldade a questões do âmbito geral, sobre ideologias que defendemos ou opiniões que a sociedade nos exige, mas quando toca a questões pessoais, fazemos por pensar nas respostas "politicamente correctas" em troca da nossa verdade. Isto acontece porque, invariavelmente, as impressões valem o que valem e nunca são o resultado dos bocadinhos de revelações que nos vão fazendo mas sim de impactos...
"Parece que está morta a metafísica e que a verdade adormeceu,
sonâmbula,nos corredores vazios
onde, às escuras,
se vão cruzando alguns milhões de frases
dos meus contemporâneos.
Todavia, falam de tudo com o entusiasmo
de quem lança «propostas» decisivas
e percorre as «vertentes» de novos caminhos
para a humanidade,
enquanto saboreiam a cerveja sem álcool,
o café sem cafeína e sobretudo o amor sem amor,
pra conservarem o equilíbrio físico e mental."Fernando Pinto do amaral
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