terça-feira, março 30, 2010

E sempre que não me silencio...


Perguntaram assim a José Luís Peixoto:
Jorge Luís Borges imaginava que o paraíso seria parecido com uma livraria. Imagina-o assim também?
Respondeu: "Não. Uma livraria tanto pode ser o paraíso como o inferno. O paraíso tem que ser um lugar onde as pessoas se tocam e não um lugar onde estão sozinhas com palavras."



Miguel Sousa Tavares diz que vivemos numa sociedade que não se encontra mas que comunica. Diz que temos excessso de comunicação! Salienta depois a necessidade do silêncio, referindo que Chico Buarque escreveu um dia numa música:

"Esse silêncio todo me atordoa, e atordoado eu permaneço atento."
Ostenta que o silêncio serve para construirmos algo a partir dele. Há até um escritor que diz que quem fala demais nunca pode escrever um livro, perde demasiado tempo. Escrever não é mais que usar as palavras que se pouparam, diz.



1 comentário:

An@ disse...

O silêncio pode ser uma forma de comunicar. Dá-se valor quando se tem ou, simplesmente, se evita que ele possa surgir.
Serve para ouvirmos melhor o pensamento, para gerir melhor as palavras essenciais que o podem quebrar ou para ouvir um pouco do coração de alguém.

O silêncio marca a diferença entre aqueles que têm a confiança e amizade pura como base (em que o silêncio não incomoda ou não precisa ser quebrado com desbloqueador); ou pode ser o momento mais assustador, em que qualquer coisa ou palavras serve de "tábua de salvação" ao momento.

Comunicamos demais...mas talvez menos claramente, menos pessoalmente...
O silêncio pode dar muito de bom ou não.

Beijinhos, gémea