sexta-feira, outubro 24, 2008

" Be what you are " *


Para ser lido com o embalo desta sonoridade. como que a deixarmo-nos impulsionar espontanemente ...




Ao principio pensei que fosse um problema só meu… Acreditar na espontaneidade… Houve em tempos que sim, acreditei muito nela!… É que uma vez dando-nos a volta, quando damos por ela já estamos completamente inebriados com a sua possibilidade..

Hoje sou uma devota descrente do encanto iludido da espontaneidade.. Impulsos naturais teremo-los sempre...

(E, apesar da imagem romanceada de que sabe mesmo bem sermos levados pelos nossos impulsos, todos sabemos que ás vezes também é preciso controlá-los).

No entanto, em geral, só nos deixamos levar pelos impulsos nas situações em que sabemos que eles têm uma grande probabilidade de terem repercussões positivas (na nossa vida),nem que seja pelo facto de nos sentirmos mais livres naquele momento.

A questão está no à vontade... no perdurar de uma desinibição repentina... Parece-me até que, dentro da espontaneidade, a inibição não tenha quaisquer reservas em aparecer...E tenho para mim que os momentos que criamos não deixam também eles de ser espontâneos..


Mas, o simples facto de fazermos anunciar a palavra "espontaneidade", de a emitirmos vocalmente, como que a tornando real, deixa-nos num estado de atracção irresistível...como se os ímpetos surgissem da falta de consentimento para que, os nossos desejos mais íntimos possam emergir..


Mas será que a espontaneidade exige sempre intervalos descontinuos de tempo, uma força que actua num espaço demasiado curto?Será que só assim faz sentido?
Tendo a essencia na incerteza, no prazer de uma originalidade inesgotável? Será que cessa a excitação quando há estabilidade?

Não me quero resignar a uma espontaneidade assim...

2 comentários:

palmo_e_meio disse...

Depois de ter passado algum tempo da minha vida a viver à espera do espontâneo (curto, porque eu sou muito "teimosa" comigo e com essa mesma vida) reafirmei a convicção de que gosto é de estabilidade com momentos de criatividade, mais do que espontaneidade. Porque ser espontâneo é fácil, é como tu dizes, é curto, tem raízes na incerteza. Mas a CRIATIVIDADE, o reinventar no dia-a-dia, isso sim leva ao "prazer de uma originalidade inesgotável"! Mas requer ter vontade de educar em nós os sentidos, a imaginação, a motivação, o sacrifício... é preciso estar disposto a uma espécie de mudança de atitude, à ablação do comodismo.
E afinal de contas, se o prazer da espontaneidade dura só uns instantes, o da criatividade perdura no tempo, como coisa que vem de dentro, do sentido, do querer.
Deixemos a espontaneidade a quem a ela tem direito, as crianças muito pequenas...

An@ disse...

Ser espontaneo...passa pelos breves segundos que envolvem o momento chave e acabam por ficar perdidos por entre palavras, gestos, ... qualquer coisa mais.

Mas ser espontaneo também pode passar por inícios da diferença de qualquer coisa... um passo em frente ou algo um pouco menos "embelezado" que avança sem olhar a nada...

Ser espontaeo passa por muito e por tão pouco... todos temos um pouco ... todos o somos!