quinta-feira, dezembro 01, 2011

Por aqui faltam as palavras....



"Chegou a altura de encontrar um lugar
para estar em silêncio um com o outro.
Tagarelei sem fim
em salas de professores, corredores, restaurantes.
Quando não estás perto
desenrolo conversas na cabeça.
Até este poema
tem quarenta e nove palavras a mais."



Eunice de Souza

segunda-feira, agosto 01, 2011

Felicidade



Existem momentos em que a felicidade é tão evidente que parece demasiado fácil chegar a ela e tocá-la. Sorrisos rasgados, olhares que brilham como pérolas e...momentos inexplicavelmente deliciosos de recordar.



O privilégio de ver a felicidade é realmente um privilégio!!! Torna-se tão sedutor a imagem de um sorriso realmente feliz que chega a ser contagiante deixar sair uma gargalhada, deixar que a boca ganhe a forma de um sorriso permanente e ... assim se fique por horas infinitas. Mas o melhor de tudo é que, a felicidade contagiante deixa-nos preenchidos pelos outros que se deixam levar por aquela "felicidade semente" que culmina quando é partilhada e vivida com os outros!



Chama-se "o dia mais feliz" da vida de alguém, mas é um dia feliz para todos aqueles com que se partilha "O Dia" :)






É bom viver da felicidade que nos rodeia...é bom partilhar!

domingo, julho 17, 2011

Há tempos estava na estação de comboios envolvida no meio da multidão apressada quando me prendi nuns escritos de uma t-shirt : " Eu sou o mais bonito" - Ao ler aquilo fui inundada por pensamentos que, instintivamente,me fizeram olhar para a cara do dono da t-shirt classificando-o como convencido.
Mas em baixo continuava a frase " ... quando não estás a olhar para mim". E deu para perceber que, os dois, desprendemos naturalmente um esboço de sorriso. " Eu sou o mais bonito quando não estás a olhar para mim"!


Será certo ambicionarmos sempre ter uma imagem correcta, equilibrada e "forte" para os outros ( qualquer que seja o que sejamos está sempre á mercê de julgamentos pré-morais )?

Sérá que não é melhor deixarmo-nos ir até ao fim (de rajada) sem o risco de nos perdermos em preconceitos vagos pelo caminho?

Levamos o que somos ao peito mas será que todos reparam ou vêm apenas metade do que somos?

terça-feira, maio 24, 2011

Quando tombamos é sempre para o lado

Ele descia as escadas lentamente numa marcha impotente, dolorosa. A mobilidade do corpo reflectia também a sua expressão. Pausada, quase apática. A precisar de suporte.

Ela ia do lado direito a agarrar-lhe a mão. Notava-se na sua voz que acreditava na volupia das palavras como marcadores entendíveis, geradores de bem estar. Fazia-o empaticamente e não minto se dizer que se lhe adivinhava alguma pena no olhar. Zelava como podia. Com cuidado, emanando carinho e diria até conseguir transmitir alguma leveza áquele corpo rígido e pesado. Assim, apenas por ser quem era. Calma!

Do lado esquerdo ia a outra. Quase que a morder o lábio por dentro. Estava ali como que a mostrar qualquer coisa a ela própria. Senhora dos desafios, que não podia deixar nada a meio. Encarava-o, sem saber, como um vitória pessoal, algo que conquistaria, a percepção de se dedicar a grandes causas e ostentá-las como resultado da sua competência. Uma espécie de esforço sobrehumano que só alguns tinham e da qual ela se orgulhava de fazer parte.Pouco olhava para ele. Olhava em frente, não fora aparecer algum obstáculo que a impedisse de levar a cabo a sua nobre tarefa.

E ele caminhava assim. Apoiado por estes dois "braços"...



sábado, maio 14, 2011

Mudanças



Começa pelo gerir a ideia de que vai haver mudança. Sonha-se com a perfeita mudança: pormenores de tudo, a sequência do tempo e forma como vai acontecer (porque a cabeça quer que seja assim para ser bem e correr bem). Dá-se um passo em frente e sente-se o pé de trás a tremelicar. O olho esquerdo vê em frente e o direito olha para trás. Divide-se tudo!! A vontade de manter o conhecido e a aventura do desconhecido, do desbravar caminhos e tentar que tudo se torne melhor ainda do que haviamos deixamdo atrás, mas... atrás temos um livro de histórias!! Tem capítulos marcados, páginas vincadas e frases sublinhadas por momentos únicos e tão especiais à sua maneira. Personagens que entram e saem de cena ou, simplesmente, entraram e ali ficaram. Mudar os hábitos e criar novos, mudar de ares para respirar novos, ensinar o novo caminho a quem o quiser conhecer e fechar caminhos para quem tem medo da aventura. Mudanças!!!



Tirar tudo do lugar e deixar...vazio! Mas vazio para encher outro espaço que precisa daquela vida que se embrulha, com cuidado e atenção, se coloca numa caixa, se fecha com fita adesiva e se escreve por fora "frágil"! E lá vai, em braços fortes até à bagageira. Come a estrada e é novamente acartada, à espera de ser pousada e... de ser novamente aberta para ter novos olhos. As mudanças são isso mesmo, o desarrumar, o retirar, o deixar vazio e encaixotar; separar tudo o que é preciso e é nosso, para levar, daquilo que fica para trás ou se separa agora da história contada. Levam-se nos braços as preciosidades que irão fazer história!



Chega a hora de tirar, embrulhar, arrumar bem arrumado, fechar, levar nos braços seguros, fazer o caminho e abrir para voltar a encher e dar vida... mas as mudanças são bem mais fáceis quando sabemos que temos outros braços para levar o que é nosso, com mais cuidado ainda, e ajudar a reduzir o peso do cansaço... é nas mudanças que os amigos são os nossos braços e a nossa bússola no caminho; o nosso colo no descanso, e o nosso sorriso no cansaço e nunca, nunca nos deixam sozinhos a menos que cheguemos ao fim!!!




Chegou a hora da mudança... com um sorriso e com companhia para o começar, acabar e recomeçar de novo :)

quinta-feira, maio 05, 2011

Não sei se já tinham reparado mas…


Há muito tempo que não escrevo. Finjo que o faço. Escondo-me por detrás de sonatas pré-feitas, de palavras emprestadas e que subscrevo. De linhas dispersas que deixam a pairar a ambiguidade. A música ajuda a esconder a desinspiração , a dar sonoridade aos espaços vazios. Há dias em que despirmos as palavras, despirmo-nos por palavras, incomoda. Foram demasiados dias.



Talvez me fosse difícil aceitar o portento que os meus textos transbordam. O mel a substituir a argúcia. O romantismo a esvair-se em fumaça. Lermo-nos a nós próprios (sem palavras) nunca é fácil.

Não sei se isto será uma respiração boca a boca ás letras que levo aqui dentro… (de si só)

segunda-feira, abril 18, 2011

Não se escolhem caminhos errados...




Saber aceitar as nossas culpas.

Perceber o momento certo em que as podemos redimir.

Encher de humanidade os nossos gestos.

Encontrar nas palavras a expressão do silêncio.

Denunciar em burburinho o que mora no olhar.

Renunciar ao perdão.

Não se escolhem caminhos errados!
Não se escolhem caminhos errados?

segunda-feira, março 28, 2011

Inter(dito)

Tendência inata para levantarmos a voz sempre que não nos sentimos entendidos. Para copiarmos ingenuamente sotaques num embaraço inevitável que nos leva insconscientemente a achar que seremos melhor interpretados. Percebo cada vez mais que nos meandros do inaúdivel chegamos mais facilmente á comunhão da comprensão. "... quando possível usar as mãos em vez de métaforas..." relembro. Falemos então (sempre) com os olhos sim?

quinta-feira, março 03, 2011

Recomeçar

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances
Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
Sempre a sonhar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

domingo, fevereiro 13, 2011

" E o dia amanheceu em paz"....



Os convites para rodopiar na vida tardam sempre ;)

terça-feira, fevereiro 01, 2011

A (tua) dor

http://www.youtube.com/watch?v=VnJo_wOiPE0&feature=related

Dores fortes e fracas,
Dores passageiras e dores intermináveis,
Dores físicas e dores psicológicas,
Dores que se vêem, dores que se escondem,
Dores pequeninas, dores GRANDES,
Dores minhas e dores tuas,
Dores sem causa, dores com causa
...
Dor que apenas se sente...só quem a tem!!


Dor de quê?
Dor de alma e de coração; dor de cabeça e de barriga; dor de mãe e de filho; dor de dentes e de garganta; dor de amor ou de ódio...

Tantas dores que nem se sabe bem definir a dor que se sente ou deixa de sentir. Na pele, na alma, no ser ou no braço, tudo é dor, tudo é sentido, tudo é nosso.
A dor de hoje pode não ser a de amanhã; a dor de hoje e de amanhã e depois, por muito que se conheça, não se sabe como a findar. Benuron, brufen, ... nem sempre lavam a dor que possas sentir em ti. As dores deviam sumir quando encontado o motivo. "Cortar a dor pela raíz!".
Há dores que podiam ser descartáveis; dores com tempo definido e momentos certos.
A tua dor é pequenina?! A dor é tua, é nossa?! Como me contas tu a tua dor? Eu sei que dói, mas dói como? Sentes a minha dor? Fazes-me sentir a tua? ... a dor é de quem a tem!(ponto)

A dor pequenina perde-se na imensa alma que temos e fica a moer e remoer, não mata mas mói. Diz-me que dor é a tua, se a pequenina e perdida, se a enorme e que vai matando. Deixa-me tirar o curso de "DORologia" para saber como te ajudar a deixar essa dor e procurar outra, outra que te deixe viver uma outra vida, uma outra dor que não seja a de sempre, a de todos os tempos que terminaram mas... deixaram a tua dor ficar perdida e encontrada.

A tua dor é tua, a minha dor é minha, vem matar a minha dor que eu mato a tua e, doridos neste mundo, vamos durar a dor de vencer a dor que nem é tua, nem é minha!

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Nunca te perdeste dentro do próprio corpo?

"Não me interessa a maneira como as pessoas se movem, mas o que as faz mover"

Pina Bausch, 2006