Estou de saída. Carteira, chaves de casa, o telemóvel e um casaco quente para afastar o frio que a rua assegura ter pronto para quando a porta se abrir, no fim da escadaria. Chegas antes que a primeira porta se abra, já estava pronta e decidida a sair, sem promessas de um regresso breve. Bates à porta e entras, sem ter tempo de a abrir. Esbarras de frente com a mesma calma com que soltas um ar calmo enquanto expulsas cada uma das palavras que são articuladas pela tua boca, na lentidão do respirar. Não me mexi, não consegui respirar, não consegui fazer nada... petrifiquei naquele mesmo chão, naquele mesmo lugar... sem sair um único movimento de todo o meu corpo. Convidas-me a sentar no meu espaço, que não reservei para ninguém, apenas para mim, após o segundo da decisão da saída.
Prendes-te no meu olhar sem pressas e obrigações... incomodas-me!
O teu olhar espicaça-me a tranquilidade. Não consegues deixar de sorrir enquanto me olhas ali, de frente e confortável no canto que escolhes-te para te acomodares... ainda não me consegui mexer.
Esbate-se um frio rápido e gelado que me deixa cair no chão, sentada, com toda a tralha que estava pronto. Tudo fica seguro no colo, sem se afastar muito de mim. Fiquei sem saber nada.
Apetecia-me cumprir tudo e sair assim mesmo, deixar-te lá e sair comigo. Mas... chegaste tão ao teu jeito que me prendeu no chão mais uns momentos.
Não soltei uma única palavra, não esbocei uma única expressão (diferente da primeira que permaneceu).
Quando vais perder essa mania de me fazeres ficar (??) mesmo sem saber porquê ou até quando?
Marie Claire...
2 comentários:
adorei tanto este texto :D beijinho da prima diana :)
gosto de ti!*
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