Numa viagem de muitos quilómetros, entre as duas cidades que poderiam, e podem, contar muito da minha história e revelar muito daquilo que me trouxe até onde estou, dei por mim a vaguear nos pensamentos que ficaram quietos e sossegados pelos atropelos do dia-a-dia que chamamos "rotina" e "monótonos". A verdade é que afinal tenho muito que agradecer. Em parte, a opção partiu de mim, quando decidi escolher o curso e a profissão que tenho, por outro lado, a sorte de ter conseguido chegar onde estou e arriscado as mudanças, lutado pelas coisas; e ainda pelo possível dom de exercer e ter perfil (acho) para aquilo que faço. Curioso como posso orgulhar-me em dizer que nenhum dia é igual, que todos os dias consigo ter um misto de sentimentos e sensações (desde o rir ao lançar um grito mais forte; uma pressa em preparar as coisas a tempo até ao esperar, minuto a minuto,a saída de cada uma das crianças; oportunidade de brincar e ensinar até ao tornar as coisas mais sérias e fazer valer aquilo que são regras e gerem um grupo de crianças que está em constante crescimento e aprendizagem).
Não tenho que me sentar numa secretária e olhar para a papelada ou um computador horas a fio; não tenho que fazer telefonemas e enviar faxes; não tenho que fazer entregas ... basicamente, ao contrário de muitos, lido directamente com as pessoas (miúdos e graúdos), posso ir vendo o fruto do meu trabalho (pode haver algumas excepções mas é bastante comum) e orgulhar-me dele! Mas, acima de tudo, a responsabilidade pesada que se tem é transformada numa constante troca de afectos,conquistas, confiança, ... resumidamente, o lado maternal prevalece em todos os momentos. Desde a muda de uma fralda, ao colo, ao sermão, ao castigo, às risadas e palhaçadas, às curiosidades respondidas... é mesmo a expressão certa, "o lado maternal" está em cada coisa que se faz. Cada vida é tomada como "minha" e todo o cuidado é distribuído por carinhas fofas e traquinas.
Igualmente como as mães,há sempre o dia em que os pequenos "ganham asas e voam". Neste caso não ficam capazes de voar sozinhos mas deixam a "nossa asa" e seguem viagem para novas aprendizagens e conquistas, para crescerem por outras paragens.
É caso para dizer que serei mãe no trabalho, pela vida! :)