sábado, abril 25, 2009

Entre cidades e pensamentos


Numa viagem de muitos quilómetros, entre as duas cidades que poderiam, e podem, contar muito da minha história e revelar muito daquilo que me trouxe até onde estou, dei por mim a vaguear nos pensamentos que ficaram quietos e sossegados pelos atropelos do dia-a-dia que chamamos "rotina" e "monótonos". A verdade é que afinal tenho muito que agradecer. Em parte, a opção partiu de mim, quando decidi escolher o curso e a profissão que tenho, por outro lado, a sorte de ter conseguido chegar onde estou e arriscado as mudanças, lutado pelas coisas; e ainda pelo possível dom de exercer e ter perfil (acho) para aquilo que faço. Curioso como posso orgulhar-me em dizer que nenhum dia é igual, que todos os dias consigo ter um misto de sentimentos e sensações (desde o rir ao lançar um grito mais forte; uma pressa em preparar as coisas a tempo até ao esperar, minuto a minuto,a saída de cada uma das crianças; oportunidade de brincar e ensinar até ao tornar as coisas mais sérias e fazer valer aquilo que são regras e gerem um grupo de crianças que está em constante crescimento e aprendizagem).


Não tenho que me sentar numa secretária e olhar para a papelada ou um computador horas a fio; não tenho que fazer telefonemas e enviar faxes; não tenho que fazer entregas ... basicamente, ao contrário de muitos, lido directamente com as pessoas (miúdos e graúdos), posso ir vendo o fruto do meu trabalho (pode haver algumas excepções mas é bastante comum) e orgulhar-me dele! Mas, acima de tudo, a responsabilidade pesada que se tem é transformada numa constante troca de afectos,conquistas, confiança, ... resumidamente, o lado maternal prevalece em todos os momentos. Desde a muda de uma fralda, ao colo, ao sermão, ao castigo, às risadas e palhaçadas, às curiosidades respondidas... é mesmo a expressão certa, "o lado maternal" está em cada coisa que se faz. Cada vida é tomada como "minha" e todo o cuidado é distribuído por carinhas fofas e traquinas.


Igualmente como as mães,há sempre o dia em que os pequenos "ganham asas e voam". Neste caso não ficam capazes de voar sozinhos mas deixam a "nossa asa" e seguem viagem para novas aprendizagens e conquistas, para crescerem por outras paragens.


É caso para dizer que serei mãe no trabalho, pela vida! :)

quinta-feira, abril 23, 2009

"Estás aqui para ser feliz" - Coca Cola

Numa das viagens de visita a casa (agora dita "casa dos meus pais"), pronta a sair da nova cidade deparei-me com esta frase: Estás aqui para ser feliz, ilustrada com a foto de um bebé e um "avozinho", ambos sorridentes! Sair duma carruagem de metro, por entre as pessoas apressadas e a correria habitual contra o tempo nos transportes, sorri e apaixonei-me pelo conjunto da escrita e ilustração... ficou-me a passear na ideia muito tempo (sendo que já passaram umas semanas e ainda penso nisto).

Poderia achar, como qualquer outra pessoa, que a frase poderia encaixar-se na minha vida (isto se procurasse alguma coisa para encaixar no sentido que poderia dar à frase; ou simplesmente, encarar aquilo como uma sugestão para começar a olhar a vida e todas as mudanças e situações dos últimos tempos. Ainda não e decidi por qual delas optei mas tenciono fazê-lo. Umas vezes acho que a cidade e a mudança já são motivos para me deixarem feliz mas pensar que o mundo é enorme e que estou cá (posso estar) para ser feliz...isso exige um pouco mais do que uns dias e uma decisão de como encarar as coisas. Tenho-me limitado a ir vivendo os dias e pensando como melhorar a postura perante cada um deles. Devagarinho isto chega lá. Talvez seja mais uma das coisas em que possa perder o meu pensamento enquanto volto a fazer uma viagem até "casa dos pais", com tanta estrada ou linha que há para seguir... muitos quilómetros para galgar!

E assim ficamos... fico, para me encostar daqui a segundos numa almofada que me aconchega os pensamentos e os deixa dormir mais firmes e acompanhados a cada noite que define a mudanda dos dias e o avançar dos anos.
Desligar a tecnologia, encaminhar-me a comando do cérebro e movimentação dos pés e do corpo até aterrar e ... acordar para o novo dia porque... eu talvez possa estar "aqui para ser feliz!"


Apperently Unaffected

Junção de duas palavras que achei curioso existirem no meu computador e nunca ter parado para reparar nelas senão quando me dignei a sentar-me a ouvir este álbum.

Aparências... ajudam muitos momentos e muita gente, a esconder! É a capa mais usada pelo ser humano, ou a mais comum, nos dias de hoje. Seja por uma questão de hierarquia social seja por uma questão de estar.
Aparentemente muita coisa pode parecer estar bem mas...

Pareço-me aparentemente "não afectada" com o que quer que seja que o silêncio e a correria que tem sido a vida me têm tentado dizer mas que ainda não consegui ouvir. O tempo é das coisas mais preciosas, que está sempre contado com o mesmo número mas que nunca parece ser suficiente e que nunca parece possível de preencher/ocupar da melhor maneira ou, pelo menos, com tudo o que pretendemos. Parar parece ser a impossibilidade da vida "dos crescidos". Não se pára por uma questão de impossibilidade ou porque não se quer poder parar... Parar implica serenar e começar a divagar por aquilo que tem acontecido até então ou que está a acontecer... positivo até certo ponto as paragens. Devem ser feitas mas nem sempre são desejadas pelo (in)esperado.

Aparentemente nada afecta nada e tudo afecta aparentemente tudo!

Permanece-se na aparência do "não afecto" por qualquer coisa mais, e deseja-se ser afectado por aquilo que a vida pode oferecer e desinquietar a tristeza até correr à felicidade ou alegria dos dias.

Aparentemente... (não) afecta!
Aparentemente... (já) está afectado!
Aparentemente... é aparente!

Quase a adormecer

Entrei nesta sala e sentei-me nesta mesa depois do meu dever de hoje, como educadora, acabar após sair da sala, levando 2 crianças pela mão para as entregar aos pais. É o ritual que traça o limite entre a minha vida "sozinha" e a minha vida de serviço e entrega naquilo em que me quis tornar como profissional.

Esta sala estava já meio desarrumada ao chegar... somos duas e há sempre a que tem tendência a arrumar (eu) e a menos preocupada (ela). Conversámos como de costume sobre as coisas do dia, tivemos o momentos dos comes e o momento em que nos ajudamos, partilhas do dia a dia e a parte óptima de morar com alguém parecido connosco, com coisas comuns e, com quem podemos sempre contar... basicamente, a amiga com quem estamos mesmo bem! Engraçado quando dei comigo a pensar que a vida tem com cada surpresa que, só um tempo depois, sentimos o real valor.
Pensei ficar acompanhada até terminar os planos de hoje mas, o sono derrotou o a companhia com muita pressa... deparei-me sozinha, com a televisão ligada (coisa rara nesta casa) e o computador a iluminar. Fiz, andei, circulei e aterrei novamente nesta cadeira. Ia deitar-me quando me assaltou a vontade de escrever qualquer coisa no meio de toda a confusão que me apetece arrumar mas, a preguiça hoje pode sair vencedora pelo cansaço acumulado e pelo avançado da hora que amanhã me vai pesar na caminhada matinal que recomeçarei...

Estreia esta de hoje a de estar na nova cidade a escrever no nosso espaço... normalmente Coimbra era o espaço em que havia 5minutos de fugida para meias palavras apressadas...

Hoje fui surpreendida por mais um balançar de propostas de regresso às raízes que ficaram adiadas ou, provavelmente, fora de questão.

Senti que estou porque tenho que estar e que não teve mal não regressar (já)!

quarta-feira, abril 22, 2009




Ana… Esperei-te no final de percorreres retalhos amarrotados de crianças… Imagino-te cansada… Mas a música intromete-se sempre como um privilégio na nossa alma…Quis que, nesta noite ouvisses o coração em avalanche… Onde vais? Fica nesta Festa! Nesta palavra deliciosa que acaricia sempre…
Hoje (será que já passou assim tanto tempo? levantando-se uma espécie de poeira fina sob as rugas que fermentam dentro de si só), não sei bem que dia é hoje (mas também estou-me nas tintas!) queria celebrar disfarçadamente a tua companhia no meio destas palavras sorrateiras…

quarta-feira, abril 15, 2009

Quando mudei de casa, deram-nos a escolher os quartos, a mim e à minha irmã, com a condição de entrarmos em consenso…

Hoje acho que não fiz a melhor escolha (acho que isto nos vai acontecendo muito na vida =), não que me importe com isso (até porque não passo grande tempo no meu quarto).
Mas acho que me deixei espantar por qualidades superficiais…( o que também nos pode acontecer algumas vezes na vida)!

O quarto da minha irmã, entre outras coisas, tem uma vista muito bonita… Vê-se a cidade toda, todinha, as casas em miniaturas, o castelo, as árvores… e de noite sobressaem as luzes…
Ela deixa-me ir para lá…

Quando vivia no apartamento tinha uma predilecção secreta por estar na varanda da sala, apenas a olhar a rua, a sentir a cidade, à espera que chegasse a hora dos meninos virem brincar e me chamarem em uníssono, avisando que tinha chegado a hora de descer…

Hoje, tenho uma predilecção secreta por me sentar no telhado do quarto ao lado do meu, a ensinar-me a admirar o que tenho à minha volta, a sentir a cidade e sentir-me perto ou longe, à espera que não chegue a hora de descer, enquanto aprendo a brincar sozinha (com os meus pensamentos)….

E depois vou dormir… =)

sábado, abril 11, 2009

Porque o presente




és tu...!!
PARABÉNS!

Obrigada por tudo e mais qualquer coisa. como te disse, é difícil ter palavras para dizer "aquilo" que sabes!


Be happy!

quarta-feira, abril 01, 2009

A força dos fracos


A força é uma arma forte para aqueles que a usam de forma controlada e bem empregue. Há quem use a força em vez da mente, vice versa e, há ainda quem usa as duas coisas de forma equilibrada e correcta.

Há uma forte tendência em dizer que são os fortes que têm força, sendo esta exibida de forma abusiva. Mas, existem os fracos que, por muito "franganotes" que sejam, têm a sua força guardada para a surpresa dos momentos e situações.


A vida corre e as situações vão sendo desafios diários e momentâneos. Parece que cada segundo conta como a maior preciosidade e tem que ser usado com toda a cautela e atenção minuciosa entre as palavras, decisões e movimentos que são dados/feitos. Basta um piscar de olhos para se perder a capacidade de evitar ou provocar algo.

Diante de situações difícil e inesperadas parece que há momentos em que, ou somos o suporte, ou somos o fracasso e o desmontar de alguém; ou somos o pilar que segura, ou a rampa que faz escorregar. Torna-se mais fácil quando se cede ao que se sente e se deixa prevalecer a espontaneadade dos sentimentos que a capacidade de pensar as coisas.

É doloroso prender a lágrima e petrificar o tremer do corpo; deixar de parecer sensivel e tornar o ser num silencioso corpo andante e maquinizado que faz tudo sem qualquer expressividade; ceder ao silêncio para que as palavras não desmoronem o que deixa transparecer a fraqueza de uma palavra só; ...


Ser forte na fraqueza que se reconhece mas não se mostra torna-se difícil mas possível...


Faz o dia terminar num silêncio interior e exteriorizar uma distância da mente e um monte de gotas prisioneiras de um olhar que é expressivamente "inexpressivo", silencioso e denunciador...


Os fracos também podem ser fortes...